O arcebispo de Évora, Francisco Senra Coelho, está preocupado com o despovoamento do interior do país e em particular do Alentejo.
As preocupações foram manifestadas numa conferência de imprensa que serviu para a apresentação do primeiro documento produzido pela recém criada Comissão Justiça e Paz, o qual reflete sobre o despovoamento e o surgimento de migrantes.
Senra Coelho diz que o despovoamento é “cada mais evidente” e defendeu a existência de “um tratamento específico positivo” para o interior do país.
No documento, a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Évora revela ter feito “o enquadramento sociocultural, económico, educacional, infraestrutural, político e religioso, no passado e na atualidade” para “identificar as razões pelas quais as pessoas saíram e saem da região”.
“O êxodo da população deveu-se, sobretudo, à busca de melhores salários e condições sociais”, aponta, notando que “dificilmente a população voltará do litoral para o Alentejo, apesar das evidente alterações de qualidade de vida que foram alcançadas nas últimas décadas” na região.
A comissão arquidiocesana propõe “acolher e integrar, da melhor forma possível, os migrantes que escolhem o Alentejo para viver e trabalhar” e que, nesse aspeto, “a Igreja pode ser um parceiro privilegiado neste acolhimento”.
“A desmistificação de alguns tabus relacionados com outras religiões, a ajuda na aprendizagem da língua portuguesa, o apoio escolar e sanitário, o dar a conhecer os nossos costumes e rituais e o apoio ao conhecimento de direitos dos migrantes são tarefas que podem fazer a diferença na retenção de pessoas na região e que o seu acolhimento seja o mais caloroso humano e fraterno possível”, conclui.