25 de abril, Sempre

Crónica de Opinião
Quarta-feira, 26 Abril 2023
25 de abril, Sempre
  • Maria Paula Pita

 

49 anos cumpriram-se, ontem, sobre o aniversário de uma das datas mais importantes da História Portuguesa contemporânea, o 25 de abril de 1974.
49 anos em que um grupo de capitães do exército português se rebelou contra o Estado Novo, após os ensinamentos e a falsa sensação de segurança que o fracasso da Revolta das Caldas, a 16 de março de 1974, deu a Marcelo Caetano.
Mas o 25 de abril também foi um movimento cívico, na medida em que a dinâmica do povo, que saiu à rua em apoio dos militares, foi fundamental para o êxito do MFA. Foi o povo (cidadãos) que se concentrou no Largo do Carmo, junto a Salgueiro Maia, para apoiar os militares revoltosos, que transformou um golpe militar num processo revolucionário que originou uma mutação no sistema político, económico e social de Portugal.
Nestes quase 50 anos cumpriram-se os desígnios de um povo que ansiava por liberdade: Democratizar, Descolonizar e Desenvolver. Olhar para o dia 24 de abril de 1974 e dizer que estamos diferentes para melhor, não provoca estranheza. Estranheza seria se o 25 de abril fosse apenas um conjunto de intenções.
No entanto, não basta celebrar as conquistas passadas. Importa olhar para a frente e lembrar que, no que concerne ao Desenvolver, nem todas as conquistas de abril estão adquiridas. Está na hora de não olharmos para trás, mas sim, perceber o que falta para ombrearmos, em termos sociais e económicos, com as democracias que nos servem de exemplo.
A visão saudosista do passado não galvaniza os jovens. Os jovens não sabem o que é viver sem liberdade. Para eles, o Estado Novo, a ditadura, é algo distante em que apenas conhecem, vagamente, a figura de Salazar.
Construir um futuro para os jovens, melhorando o seu contexto, é conseguir um futuro melhor para Portugal. Há que lutar contra o empobrecimento generalizado e para o atraso que se confirma todos os dias, face à União Europeia. De acordo com dados da Fundação Manuel dos Santos, Portugal apresenta resultados alarmantes em quase todos os indicadores para avaliar as perspetivas de futuro da sociedade. A capacidade de emancipação, os rácios de empregabilidade, os níveis de educação, a literacia digital, as tabelas salariais e perspetivas de futuro, mostram que os jovens portugueses encontram-se na cauda da Europa.
Neste momento, a capacidade de gerar riqueza em Portugal apresenta níveis muito baixos assim como a produtividade. A economia portuguesa continua assente num modelo de baixos salários, mão-de-obra pouco qualificada e assente em setores de baixo valor, o que, por uma lado leva a que os pares diretos se afastem cada vez mais e, por outro, afasta os nossos jovens qualificados de se fixarem no país.
O 25 de abril que falta cumprir, prende-se com a necessidade da economia portuguesa promover um crescimento sustentado, inovador, justo para todos e que consiga de uma forma irrefutável criar mecanismos de incentivo ao trabalho para que os jovens sintam que é bom viver e trabalhar em Portugal.
Se é bom para os jovens, é bom para Portugal.

25 de abril, Sempre!

 

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