Costumo ver, à segunda-feira, o pequeno debate, entre Honório Novo do PCP e Diogo Feio do CDS, no programa informativo 360º, da RTP3. Esta semana, uma jovem, Lúcia Gomes, substituiu o deputado comunista e trouxe-nos o centenário partido no seu pior, a propósito do acto de pirataria aérea cometido pelo governo bielorrusso sobre um avião europeu, voando entre duas capitais europeias. Reconhecendo embora a grave ilicitude do desvio do avião para Minsk, para prender o jovem Roman Protasevich, a jovem Lúcia sublinhou a necessidade de levarmos em conta o gabarito do alegado jornalista e opositor de Lukashenko.
E disparou, confiante, “basta pesquisar quem ele é”. A partir daqui, o queixo caiu-me e assim se manteve, enquanto ela o descrevia como perigoso elemento da extrema-direita , com ligações aos neo-nazis ucranianos, considerando, de passagem, que a Ucrânia é o berço do neo-fascismo que está a invadir a Europa. Enfim, segui o seu conselho e fui pesquisar. Posso assegurar que não encontrei a mais pequena menção à ligação do jovem Roman ao nazi-fascismo. Nem na imprensa internacional nem no jornal Avante.
Conclusão, ou a jovem Lúcia sofreu uma lavagem cerebral e lhe implantaram convicções bizarras na pobre mente ou, pelo contrário, é uma agente do KGB bielorrusso ou ainda, se levarmos em conta a defesa que, implicitamente, fez da agressão russa à Ucrânia, será mesmo uma perigosa militante do cripto-comunismo internacional, putinescamente orquestrado pelo Kremlin. Última observação, fico à espera que os Polígrafos da moda investiguem a veracidade das alegações da Lúcia Gomes Ulianov.
