Susete Francisco esboça a história, no DN: um grupo de Comandos esteve na República Centro-Africana entre Março e Setembro de 2019. Nesse mês foram substituídos por um batalhão de paraquedistas comandados pelo tenente-coronel Victor Gomes, a quem uma fonte local terá denunciado um esquema de tráfico de diamantes, onde dois comandos estariam implicados. O caso foi comunicado ao EMGFA, que passou o caso à PJ militar, que o comunicou ao MP, que pôs a PJ a investigar.
Além dos diamantes, haveria também transporte de ouro e alguma droga, além de contrafacção e passagem de moeda falsa. Ontem, a PJ usou uma centena de mandados de busca e deteve dez pessoas entre civis e militares. Os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa e, claro, o Presidente, vieram defender a instituição militar e o trabalho exemplar das tropas portuguesas na RCA. Não poderia estar mais de acordo.
Tanto quanto se percebe, o caso tem seguido os seus trâmites normais, e apenas se me levantam duas ou três questões: em primeiro lugar, tendo o ministro da Defesa avisado a ONU no início de 2020, por que razão o Presidente da República foi mantido às escuras sobre o assunto até ontem? Em segundo lugar, por que razão vários orgãos de comunicação social falam em “membros da elite do exército” quando estão em causa alguns soldados dos comandos? Por último, mas a mais importante, por que razão os aviões que transportam as nossas tropas e material militar de e para o estrangeiro, não são alvo de inspecções frequentes? Já dizia a minha avó: “a ocasião faz o ladrão.”