A regionalização administrativa regressou mais uma vez à discussão pública, de forma menos clara ou mais aberta, ela aí está. Como alentejano residente é de facto uma matéria que não me deixa indiferente. Mas, em primeiro lugar, devo referir que votei contra a regionalização quando esta matéria fora levada a referendo nacional.
É inequívoco que o Alentejo há muito que sofre do fator envelhecimento motivado pela perda de população. As gerações mais novas migraram à procura de melhor qualidade de vida, sobretudo para a área metropolitana de Lisboa. E, uns quantos, porventura muitos, para fora do país.
Há neste êxodo algumas explicações e, há uma que me parece consensual, que reside na diminuição da oferta do emprego qualificado no Alentejo, sobretudo no interior alentejano. Muitos jovens licenciados só encontram procura para as suas competências profissionais, nos grandes centros urbanos e isso leva-os a orientar as suas vidas para aí.
Ora, fica a questão: como é que o país responde a este desequilíbrio? Não me parece que a regionalização administrativa, por si só, venha a responder a esta questão.
Uma coisa tenho para mim como certa: se não houver vontade política de dar vós aos cidadãos do interior, no caso aos do Alentejo, criando para o efeito uma maior representatividade no parlamento do que aquela que atualmente existe, oito deputados, é, manifestamente, insuficiente, até porque ficam sempre dividos por dois ou por três partidos.
Por isso, o número de deputados terá que aumentar com base no critério geográfico. No caso do Alentejo, por exemplo, o seu território constitui quase um terço do território nacional. Contudo, a Constituição da República portuguesa não prevê o critério geográfico para a atribuição do número de deputados. O que não está bem deverá ser alterado.