Notava eu, no fim de Maio, que o Presidente da República chegara à conclusão de que não podíamos manter a matriz a duas dimensões em que os especialistas-conselheiros, cegos para a situação económica, social e de saúde mental da população, continuavam a insistir. Quem tomou nota, ontem, dos números da Hungria, perceberá a importância vital da vacinação. A população húngara tem, quase toda, pelo menos uma dose de vacina e metade já tem duas doses. É, sem dúvida, um poderoso factor explicativo da diferença entre os 1350 novos casos de ontem, em Portugal, e os 107 na Hungria. Isto, apesar dos 60 mil adeptos que encheram o Puskas, para assistirem ao jogo entre as equipas dos dois países.
Compreendido isto, desde Maio que Marcelo insiste que o Rt e a variável criada com base nos novos casos, são um estorvo se não forem contrabalançadas com o número de hospitalizações e mortes e têm de ser combatidos com a intensificação do rastreio de casos positivos e da vacinação, sobretudo onde são mais precisos, ou seja, na área metropolitana de Lisboa. Nunca excluindo, claro, o comportamento racional dos cidadãos, para reduzir tanto quanto possível as hipóteses de propagação do vírus, sobretudo a quem não está imunizado.
É muito importante que se perceba isto e não se confunda a atitude de Marcelo – não contem com ele para mais nenhum Estado de Emergência – com a atitude ligeira e despreocupada da Iniciativa Liberal, com o seu arraial político. Mas atenção, antes de criticarmos a IL, lembremo-nos de que a CML, concedeu o direito de manifestação, com ecrã gigante e DJ, à JuveLeo, tendo o arraial, dessa vez, sido bastante mais populoso e caótico.
