“A turba pensa logo existe”

Crónica de Opinião
Quarta-feira, 23 Novembro 2022
“A turba pensa logo existe”
  • José Policarpo

Ninguém com o mínimo respeito por si próprio poderá defender o regime do Qatar. Os seres humanos nascem com os mesmos direitos estando esta conquista consagrada na declaração universal dos direitos humanos e foi ratificada em 10 de dezembro de 1948, por mais de 50 países.

A polémica à volta da visita de sua Excelência o Senhor Presidente da República ao Qatar para assistir ao primeiro jogo da seleção de portuguesa de futebol, na minha opinião não faz qualquer sentido. E explico porquê.

Aquando da decisão da realização do campeonato do mundo neste país foram poucas as vozes a condenarem esta decisão. O certo é que há época o regime do Qatar não colocava em pé de igualdade homem e mulher, heterossexual e homossexual, trabalhador nacional e estrangeiro, violando, com efeito, os direitos humanos. Nada mudara, entretanto.

Contudo, não me apercebi que a escolha do organismo que dirige o futebol mundial, a FIFA, tivesse, no nosso país, sido objeto de indignação e comoção por parte dos medias e da intelectualidade moralista que passeia nas mordomias da capital. Não estou a dizer que não devam dizer o quem pensam, estou a afirmar que há momentos para o fazer. Dito agora, parece mais oportunismo e populismo baratos do que outra coisa qualquer.

Ora, a luta pelos direitos humanos faz-se todos os dias e por cada um nós nas suas próprias circunstâncias. Por isso, tanto os presidentes da república e da assembleia, bem como o primeiro-ministro, deverão deslocar-se ao Qatar em sinal de apoio à seleção nacional de futebol no respeito pela tradição. Haja coerência.

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