A última do ano

Crónica de Opinião
Quinta-feira, 19 Dezembro 2019
A última do ano
  • Eduardo Luciano

 

 

Chegámos à última crónica de 2019 e confesso que não me apetecem balanços nem prognósticos de ano novo. Tampouco me apetece falar de Orçamentos de Estado ou dos avanços dos fascismos mais ou menos tolerados ou mesmo incentivados pela classe dominante.

Em boa verdade não me apetece falar de nada, antes acho merecer o direito ao silêncio contemplativo de ameaças passadas, presentes e futuras e da minha falta de jeito para representar a indiferença que tanto jeito dá à vida em sociedade.

Mas a verdade é que me falta a dose de liberdade para permitir fazer o que me apetece e por isso obrigo-me a tecer comentários sobre comentários de outros (não estão a pensar que tenha lido a proposta de orçamento, pois não?).

As principais diferenças deste orçamento para os anteriores, resulta do facto dos resultados eleitorais terem dado uma margem maior ao PS para assumir a sua verdadeira natureza, deixando de estar tão pressionado para a concretização de opções políticas que constituam verdadeiros avanços na conquista de direitos e rendimentos por parte dos trabalhadores, reformados e pensionistas.

No essencial, continua amarrado às opções e ditames da política económica da União Europeia, à obsessão com o deficit, ao orgulho do superavit orçamental, enquanto continua a subfinanciamento do Serviço Nacional de Saúde e da educação e a cultura não chega aso 500 milhões de euros.

Ainda estamos a meio do processo de aprovação e talvez seja possível introduzir algumas medidas que minimizem estas claras opções de retrocesso, mas confesso-me pouco dado a fezadas desse género.

No fundo, para os trabalhadores 2020 vai ser um ano igual a todos os outros. De luta determinada para resistir à degradação das suas condições de vida enquanto não chegam tempos de reais avanços.

Fico-me por aqui, porque como vos disse só me apetece contemplar as luzes das ruas, ouvir o Tom Waits, lamentar a morte do Patxi Andion e lembrar aquele poema de Francisco Eugénio dos Santos Tavares incluído na Antologia de poesia erótica e satírica, organizada pela Natália Correia e que a PIDE apreendeu nos idos de 1965.

Não o posso dizer aqui, por isso recomendo que busquem a leitura na página 400 da edição de 1999, reimpressão de Abril de 2005.

Tenham um Natal feliz e um Ano Novo cheio prosperidade (seja lá isso o que for)

Até para o ano

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