Costumo dizer que a História desenvolve-se em espiral, apenas mudando os Homens e o contexto. Os acontecimentos, as conjunturas, repetem-se consecutivamente, embora as circunstâncias sejam outras. Crises decorrentes de fomes, pestes e guerras continuam a acontecer. Acabámos de sair de uma pandemia que parou o planeta, vivemos uma guerra que nos faz viver na ameaça diária de subida de preços e perda de qualidade de vida, encurralados numa Europa de excessos por populações que fogem da fome e da guerra e que a todo custo queremos manter longe. Uma Europa envelhecida, com falta de mão de obra, que resiste ao assalto de povos com costumes e religiões diferentes e que ameaçam o nosso modo de vida.
Tendo em consideração que a extrema esquerda está de costas voltadas para os socialistas, é sabido que as greves e as manifestações vão suceder-se, acompanhando o nível de vida, cada vez mais precário em virtude dos salários não acompanharem a inflação de preços. As classes médias, que suportam com os seus impostos as crises, não lhes bastando a inflação que lhes consome o poder de compra e que reduz muitos a pobres, assistem com desaprovação à escalada grevista e às regalias sociais que são dadas a certas franjas da população, o que leva ao aproveitamento por parte de uma certa direita, que tem aumentado a votação, prometendo uma república forte, que recompensará quem trabalha e que defende os valores tradicionais: Deus, Pátria, Família, em que os interesses individuais se submetem ao Estado, desvalorizando a democracia partidária e o parlamentarismo.
Foi assim em Itália com Mussolini. Foi assim na Alemanha com Hitler. Foi assim em Portugal com a Ditadura Militar que conduziu Salazar ao poder e ao Estado Novo.
A semana trouxe-nos a reportagem que, a ser verdadeira, deve arrepiar-nos. O que pensar sobre aqueles que devem-nos proteger, manter a legalidade democrática, a segurança interna e os direitos fundamentais dos cidadãos constantes na Constituição e na lei, e que mostram discriminar, incentivar ao ódio e à violência, coagir, instigar à alteração violenta ao Estado de Direito, dicriminação racial e religiosa, à semelhança das terríveis milícias e polícias de Estados totalitários. A ser verdade, o que é que as autoridades judiciais estão a fazer para apurar a verdade e acabar com a impunidade de certos agentes? E os responsáveis máximos?
CERTOS agentes. A maioria é pela lei e são de uma dedicação extrema ao bem comum. Mas basta uma maçã podre… Será que sentem que o Estado os abandona e descredibiliza, que não são respeitados pelo Estado e por alguns grupos sociais. Não é normal que a taxa de suicidio na PSP seja o dobro da média europeia.
É importante reconhecer o papel da PSP e da GNR, conceder-lhes a possibilidade de viverem e de serem tratados com o reconhecimento que merecem pelo Governo, com salários dignos de forma a cativarem bons cidadãos para as suas fileiras e evitar descontentamentos que os conduzam a caminhos perigosos para a democracia.