António Costa foi taxativo e garantiu que não haverá qualquer remodelação ministerial e, muito menos, uma crise política por falta de um entendimento geringonço para aprovar o OE. Cabrita já pode revelar a velocidade do carro em que seguia, quando matou o operário Nuno Santos. Longe vão os tempos em que um ministro, por prometer duas lambadas a uns críticos de arte lambisgóios, via o cartão vermelho. Agora, a palavra-chave é estabilidade, diz o presidente Marcelo e diz o primeiro-ministro.
Estávamos nós, o povo, descansados, ronronando no calmo mar da Tranquilidade, quando, no mesmo dia, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, dado por muitos como o principal candidato a sucessor de António Costa, sobretudo desde que ameaçou os alemães com o célebre “que se ponham finos ou não pagamos a dívida”, resolveu vir a público, no mesmo dia, ontem, informar que Nuno Freitas, “o melhor presidente que a CP já teve em toda a sua história”, se demitira por causa das parvoíces burrocráticas e financeiras de João Leão, seu colega de Governo, ministro das Finanças. Bem, não o disse exactamente assim, mas a ideia era mais ou menos esta. E disse mais, que, se dependesse dele, tudo estaria resolvido na CP. Mas o estorvo do Leão…
Francamente, pareceu-me uma simples coincidência que, dois dias depois da derrota de Fernando Medina, Pedro Nuno viesse quase pedir a demissão do ministro das Finanças, alegadamente mal escolhido por António Costa, ou, em alternativa, provocar a sua própria remodelação, forçando o primeiro-ministro a dar o dito por não dito e distanciando-se de Costa, para se alcandorar a reserva do PS e da Nação, se a coisa der para o torto.
Veremos se António Costa nos consegue convencer que isto “é só fumaça” ou, melhor ainda, que nunca aconteceu.
