Para que fique claro sou democrata e também acompanho o “brocardo” segundo o qual o regime democrático é o menos mau dos regimes políticos conhecidos. Dito isto, não fico diminuído em questionar-me se as sondagens serão um instrumento indispensável à concretização das democracias.
Se não vejamos. São muitos os casos em que as sondagens realizadas durante o período eleitoral não têm respaldo nos resultados eleitorais verificados. Sei que são muitas as respostas para os falhanços. A mais na voga é que há um eleitorado de direita “envergonhado”.
Se de facto existe esse eleitorado, porventura será porque os regimes ditos democráticos não permitem que exista um pensamento de direita. O que em si mesmo poderá ser revelador de um problema, de um grande problema na concretização de um dos pilares da democracia, ou seja, o da liberdade.
Na verdade, a questão a colocar no meu ponto de vista face ao quadro atual, e, os casos de divergências de resultados pululam em todos os continentes onde as democracias ocidentais vigoram, é se a realização de sondagens deverá ser mais restrita.
Ora, se a permissão da publicação de sondagens nos dias anteriores à realização do ato eleitoral poderá condicionar ilegitimamente o eleitor, devemos exigir ao poder político que assegure que o exercício do direito/dever de votar deva ser realizado de forma livre e esclarecida, o que significa que as sondagens não deverão condicionar os resultados eleitorais, sob pena dos regimes democráticos transfigurarem-se em “sondagemcracias” com tudo o que isto de mau possa significar. Acordemos, então, antes que seja tarde de mais.