Luís Montenegro deu início ao Encontro Nacional de autarcas do PSD, afirmando que António Costa tem todas as condições para governar, mas existe uma degradação institucional que torna necessário “que o país perceba se o primeiro-ministro já desistiu de Portugal e de governar Portugal” e, se for o caso, “o país vai ter de mudar de Governo.”
Depois, foi Cavaco Silva que, de novo, se tornou notícia, ao arrasar o Governo, num discurso com dois destinos: para dentro do partido, recomendando a união em torno de Luís Montenegro, aceite como candidato plausível a governar o país e não como líder provisório, de transição; e para os eleitores descontentes, ao centro e à direita, com o PS, indicando-lhes o PSD como a alternativa preferível ao desnorte, incompetência e irresponsabilidade do actual Governo. Para Cavaco Silva, “é totalmente falsa a afirmação de que o PSD não tem apresentado políticas alternativas ao poder socialista.”
A resposta do líder parlamentar do PS, Brilhante Dias, denunciando, de Cavaco, a “linguagem ofensiva e antidemocrática”, clamando contra a degradação da política, não foi excepcionalmente brilhante. De facto, o ex-presidente acusou o Governo socialista de ser especialista em mentir, desinformar e iludir cidadãos. Nada de especialmente novo na política portuguesa.
Acontece que o Partido Socialista tem proporcionado a Cavaco Silva excelentes oportunidades para demonstrar que as notícias que o davam como reduzido ao estado de “múmia paralítica” eram muito exageradas.