Francisco Rodrigues dos Santos, protagonizou neste fim-de-semana uma mudança profunda no CDS. Porque ganhou folgadamente a sua liderança, contra João Almeida, que concorria com o apoio das figuras mais destacadas da era Paulo Portas. Se Rui Rio significou no PSD, uma lavagem do passismo e do “ir além da troika”, com um reposicionamento mais ao centro, Francisco dos Santos aponta ao CDS o caminho oposto: assumir-se como um partido de direita, fundamentalmente democrata-cristão, conservador nos valores e liberal na economia.
Há quem tema que o novo líder tente fazer do CDS uma cópia do Chega e já vaticine que, nesse caso, os eleitores potenciais prefiram o original, acelerando a extinção do partido de Amaro da Costa e Freitas do Amaral. Quanto a mim, parece-me óbvio, que estando Rio a disputar o centro do espectro político ao PS, ao CDS não resta senão crescer à direita, aproveitando o vazio ideológico e a boçalidade do Chega, e cortando as hipóteses de crescimento da Iniciativa Liberal enquanto é tempo.
A estratégia de Francisco Rodrigues dos Santos tem outro mérito. Rejeita a hegemonia cultural da extrema-esquerda bloquista, que tem arrastado grande parte do espectro político para a defesa ou o consentimento mais ou menos passivo das chamadas causas fracturantes, deixando grande parte do eleitorado sem representação dos seus valores. O contra-ataque do ‘politicamente correcto’ já começou. A imprensa salienta que ele é contra o casamento homossexual, o aborto e a eutanásia, embora ele nada refira sobre estes temas na sua moção, e já muitas vozes o censuram pela gritante falta de mulheres na sua direcção. Portanto, homofóbico, machista, e reaccionário, já tem certos. Veremos como se porta.