Porque hoje é Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, cito o início de um livro saído há pouco da tipografia, do filósofo João Maurício Brás e de seu nome ‘O Atraso Português – Modo de Ser ou Modo de Estar?’: “Portugal é um dos mais antigos países europeus. País pequeno nas suas dimensões geográficas, mas também em influência política, económica e cultural. Paradoxalmente, apesar da nossa dimensão, fomos uma das maiores potências mundiais num percurso que se consolida no século XV, atravessa o século XVI e deixará uma herança para os séculos seguintes” (e mais adiante), “Estivemos no topo do mundo. Hoje somos, excetuando a propaganda dos media nacionais, um país pequeno e insignificante, agradável pelo clima e pela gastronomia, mas com problemas de atraso muito sério no plano económico e noutros vectores do desenvolvimento. O que nos aconteceu?’
Uma possível resposta para esta pergunta de João Brás, encontrei-a num poema de Miguel Torga, intitulado
Viagem
É o vento que me leva.
O vento lusitano.
É este sopro humano
Universal
Que enfuna a inquietação de Portugal.
É esta fúria de loucura mansa
Que tudo alcança
Sem alcançar.
Que vai de céu em céu,
De mar em mar,
Até nunca chegar.
E esta tentação de me encontrar
Mais rico de amargura
Nas pausas da ventura
De me procurar…
in ‘Diário XII’