Descolonizar a língua portuguesa

Nota à la Minuta
Segunda-feira, 08 Maio 2023
Descolonizar a língua portuguesa
  • Alberto Magalhães

 

“A Língua Portuguesa para ser nossa, definitivamente nossa, precisa de um tratamento, de uma limpeza, de uma descolonização”, defendeu a escritora moçambicana Paulina Chiziane, ao receber o Prémio Camões de 2021, no Dia Mundial da Língua Portuguesa, “numa das cerimónias mais emotivas e simbólicas, de todas aquelas a que já pudemos assistir de entrega do Prémio”, segundo a jornalista Isabel Coutinho, do jornal Público. Disse mais Paulina Chiziane: “É preciso lutar para que as coisas mudem. É preciso coragem para falar… É preciso usar a língua portuguesa para negociar uma língua portuguesa mais humana e só nós, africanos, é que podemos fazer isso”.

O primeiro-ministro português, António Costa, o nosso representante mais ecuménico, que tem pena que em Portugal não se use o sotaque brasileiro e tem defendido, com determinação, o pavoroso Acordo Ortográfico de 1990, referiu o significado muito especial de, pela primeira vez, a cerimónia do Prémio Camões estar a ocorrer no Dia Mundial da Língua Portuguesa. Para abrilhantar a festa, cantou a moçambicana Selma Uamusse três canções, uma das quais em português.

Disse ainda Paulina Chiziane: “Eu tenho uma língua materna que Deus me deu, mas também tenho esta [o português] que me foi dada. Porque é que eu tenho que aprender aquela que me é dada e os outros não querem aprender a minha?”, disse a vencedora do prémio Camões e convidou todos a aprenderem as línguas africanas. Bela ideia.

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