Não quero e nem pretendo fazer qualquer juízo de carácter a respeito de quem quer que seja. Pretendo, isso sim, viver num país que não tendo escolhido para nascer, seja livre, de gente responsável e, verdadeiramente, democrático. Com efeito, menos nebuloso, sobretudo, no que concerne ao respeito devido às instituições que o constituem.
Não me lembro a quem devo dar a autoria desta frase, mas ela define a natureza e a essência humana: “somos a única espécie conhecida que depende das instituições para poder sobreviver”. Já pensaram o que seria se as nossas mães depois de nos terem nos abandonassem? Certamente, que, o fim, em 99,9% dos casos, seria a morte.
Na verdade, os acontecimentos gerados pela apresentação do livro “o governador” que versa sobre a entrevista dada pelo ex-governador do BdP, Carlos Costa, ao jornalista do Observador a serem verdade, repito a serem verdade, trouxeram à luz o que não pode acontecer nas relações entre órgãos dos Estado que pela sua natureza têm de garantir a sua independência para poderem desempenhar as suas competências em nome do povo.
Se um primeiro-ministro interfere no desempenho de um órgão que não tutela, este ato consubstancia, no menos, uma ilegitimidade política. Agora cabe à assembleia da república, porque é o órgão que tem a competência de fiscalizar o governo de encetar os procedimentos tendentes ao apuramento da verdade.
Por seu turno, ao presidente da república é-lhe exigido aquilatar se está em causa o regular funcionamento das instituições. O mandato que lhe foi conferido pelos portugueses assim o obriga. Não se pode olvidar de que jurou cumprir e fazer cumprir a constituição da república portuguesa.