É preciso serenidade

Nota à la Minuta
Terça-feira, 25 Maio 2021
É preciso serenidade
  • Alberto Magalhães

 

 

Um dos problemas mais sérios das sociedades europeias é a crença generalizada – sobretudo entre os mais velhos – de que se podem e devem prevenir todos os riscos, por não haver nada tão importante como a saúde e a vida de cada um. Para muitas dessas pessoas, é difícil de aceitar a necessidade de, a cada momento, para cada opção, fazer um balanço difícil entre custos e benefícios sociais. Por recusa em aceitar a impossibilidade do risco zero.

Vem isto a propósito da subida do número de casos e do Rt, sobretudo na região de Lisboa e Vale do Tejo. Com cinco milhões de doses de vacinas anticovid-19 aplicadas, sobretudo com os grupos de risco já muito protegidos, as linhas vermelhas estabelecidas deveriam ser actualizadas. O custo económico-social de um recuo no desconfinamento tem de ser ponderado com os danos para a saúde pública do aumento de infecções.

O que vemos é que, ao nível de mortes e internamentos em cuidados intensivos, a situação continua muito promissora. Os novos casos são, na sua maioria abaixo dos 40 anos. Sim, há casos graves em pessoas mais novas e é possível que alguns infectados venham a ficar com sequelas. Mas qual o peso estatístico desses casos?

Ouço já as vozes indignadas: qual estatística, são vidas jovens que podem ficar afectadas para sempre. Pois podem. Mas quantas mais ficarão afectadas pelo confinamento prolongado, a falta de convívio e consequente solidão, os problemas de saúde mental, para além das falências, dos despedimentos, da pobreza e da miséria?

Precisamos de dirigentes firmes, que saibam aguentar-se no balanço, sem ceder ao facilitismo de seguir a enviesada percepção de risco de muitos eleitores.

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