Sou professora, por escolha, por vocação, por gosto. Mas ser professora é muito mais que ensinar conteúdos/matérias. É formar jovens conscientes dos seus direitos e deveres. É fazê-los olhar para si próprios e para o Outro com respeito, com tolerância, mas também com capacidade para lutarem pelo que acreditam. Não é doutrinar, embora a escola não seja axiologicamente neutra, é incutir espírito crítico, interventivo e de serviço.
A escola pública é o palco privilegiado para a aprendizagem e exercício da cidadania porque nela se refletem os contextos e os problemas que são transversais à sociedade atual. A escola tem o dever de preparar as crianças e jovens, de lhes proporcionar aprendizagens para que possam viver e trabalhar quando ingressarem no mundo do trabalho, de conceder competências de forma a orientá-los na sua vida futura.
É fundamental que a escola esteja atenta às alterações rápidas que acontecem fora dela, refutando ou reformulando os conhecimentos e as imposições de crenças e valores, afastando os preconceitos, de forma a conseguir mostrar às crianças e jovens que tem à sua guarda, a importância do indivíduo enquanto cidadão consciente dos seus direitos, mas também dos seus deveres, levando-os a refletir e a intervir na sua vida e transformando-a, contribuindo para um mundo mais justo e melhor.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos ao considerar que, “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos”, é o ponto de partida para gizar a educação e a cidadania ativa. É o não respeito desta condição, de igualdade e de liberdade, que se desenham os problemas da Humanidade.
É neste contexto que fomentei a participação dos meus alunos no Programa Parlamento dos Jovens, aprovado pela Resolução n.º 42/2006, de 2 de junho. É uma iniciativa da Assembleia da República, dirigida aos jovens dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e do ensino secundário.
Quinze escolas, representando alguns agrupamentos dos 2º/3º ciclos do distrito de Évora, debateram, na 2ªf, no auditório da DGEstE o tema Saúde Mental dos Jovens.Que desafios? Que propostas? Na 3ªf foi a vez de 13 escolas que representam o ensino secundário.
Quanto tanto se fala do alheamento dos jovens face à política e, por vezes, a alienação face à participação ativa em democracia, ao ver estes jovens, percebemos que a escola ainda desempenha o seu papel de promover a reflexão e o debate sobre um tema. É vê-los a desenvolver a capacidade de expressão e argumentação da defesa das suas ideias, com respeito pelos valores da tolerância e da formação da vontade da maioria. É vê-los compreender a importância da Assembleia da República, o respeito pelo debate parlamentar e o processo de decisão do Parlamento, enquanto órgão representativo de todos cidadãos portugueses.
Em março celebra-se o mês da juventude no nosso concelho. Para um professor, não há melhor reconhecimento que ver estes jovens contribuírem para a resolução de questões que afetam o seu presente e o futuro individual e coletivo
Em maio estaremos em Lisboa para a sessão nacional na Assembleia da República. Vamos fazer ouvir as propostas do distrito de Évora junto dos órgãos do poder político.