Realizaram-se no domingo passado as eleições para a assembleia legislativa regional dos Açores, a qual é composta por 57 deputados, eleitos por 10 círculos eleitorais, que correspondem às 9 ilhas da região e a um círculo de compensação.
A comunicação social não terá dado o devido eco sobre estas eleições, mas a sua importância é indiscutível, porque será a partir delas que se irá constituir o próximo Governo Regional dos Açores.
O PS elegeu 25 deputados, o PSD 21, o CDS 3, o Chega 2, o BE 2, o PPM 2 (pese embora um tenha sido em coligação com o CDS), a Iniciativa Liberal 1 e o PAN 1.
Em face destes resultados podemos concluir:
O PS ganhou as eleições, mas perde a maioria absoluta, elegendo menos 5 deputados.
O PSD elege 21 deputados, mais 2.
O CDS perde um deputado, mas continua a ser a 3ª força política regional.
O PPM reforça a sua presença parlamentar.
Chega, PAN e IL elegem pela primeira vez.
O PCP perde a única representação parlamentar que possuía.
Mantém-se uma elevada taxa de abstenção, de 54,5%.
No seu conjunto os 5 partidos que integram o centro-direita (PSD, CDS, Chega, PPM e IL) conseguem eleger 29 deputados, ou seja, conseguem ter a maioria parlamentar.
O resultado conseguido pelos socialistas, ainda que tenham atingido a maior votação, mostra a tendência de queda que vêm apresentando desde as eleições de 2004, pelo que a perda da maioria absoluta é o resultado dessa perda continuada de eleitorado.
Os efeitos deste resultado eleitoral fazem-se sentir na governabilidade da região. Os resultados destas eleições não permitem que esteja esclarecida quem irá governar a região nos próximos 4 anos.
O PS ensinou-nos que o importante não é ganhar eleições. O relevante é conseguir entendimento parlamentar de forma a que a assembleia legislativa valide uma solução governativa.
Pelo que a possibilidade de um executivo liderado pelos socialistas, ou um outro liderado pelos sociais-democratas, é algo que está em cima da mesa. Qualquer solução não será fácil de atingir, porquanto envolverá sempre um conjunto igual ou superior a três forças políticas, sendo que nos parece que algumas combinações estarão condenadas à partida.
Quem se assume à direita não poderá validar soluções governativas de esquerda.
Não deixará de ser interessante verificar sobre a possibilidade de um entendimento alargado entre os partidos do centro-direita.
Todas as eleições têm os seus efeitos laterais. Como tal, estas eleições regionais não deixam de trazer uma brisa de esperança para o continente.
Até para a semana
Rui Mendes