Rabugice ou não, volto ao assunto. A tendência que nós, portugueses, temos de gastar dinheiro mal gasto, de gastar sem critério. Já aqui falei dos gastos em rodovias desnecessárias, no desperdício da luz solar e de electricidade fruto de horários tardios, poderia ter falado no desperdício de combustível pela aposta na rodovia e destruição da rede ferroviária ao longo de décadas. Hoje quero falar do dinheiro deitado à rua pela esmagadora maioria dos apostadores. Porque em Portugal, com um dos salários médios mais baixos da UE, gasta-se muitíssimo dinheiro no jogo.
Os portugueses gastam quase um milhão de euros por hora, só em casinos online. Ou seja, mais de 22 milhões por dia. Se a isto somarmos a raspadinha, em que Portugal é campeão europeu e onde se gastam quatro milhões por dia, teremos um total de cerca de 9 mil e 500 milhões de euros ao ano. Se juntarmos ainda o que é gasto no euromilhões, nos bingos, no Placard, nos casinos de pedra e cal e tutti quanti, teremos uma ideia do que poderia ser feito caso os portugueses investissem esse dinheiro em empresas produtivas.
Dizem que os portugueses jogam muito porque são pobres e não vêem outra maneira de sair da pobreza. Pode ser verdade, mas, na minha opinião, há outras razões mais ponderosas: a superstição e o pensamento mágico que, em conjunto com o analfabetismo matemático, os leva a desprezar completamente o cálculo de probabilidades.