Com a campanha eleitoral para as autárquicas quase a terminar, deixem-me salientar a importância do poder local democrático para a qualidade de vida dos munícipes e dos fregueses, mas, em contrapartida, quanto pode ser um sorvedouro de dinheiro mal gasto, quando eleitores e eleitos não têm juízo, estes por querem manter-se no poder, aqueles por, iludidos, acharem que as facturas não lhes cairão no colo.
Claro que o mesmo se pode dizer dos governos democráticos em geral e, no caso português, com a agravante de, governo e autarquias, se terem habituado a receber fundos europeus para ajudar à festa.
Quem, com olhos de ver, percorrer o país de automóvel, evitando os Itinerários Principais e as autoestradas – elas próprias um exagero – poderá admirar-se com a qualidade de muitas estradas do interior, largas, com bom piso e cruzamentos desnivelados; onde só falta o trânsito automóvel que as justificaria.
Depois, seria interessante contabilizar o custo total dos sinais luminosos – às vezes dois ou três em cada sentido – que nos fazem reduzir a velocidade, ou mesmo parar, num qualquer lugarejo de meia-dúzia de casas, onde não se vê vivalma, e que as autarquias deixaram construir à beira de uma qualquer estrada nacional. Já nem falo das rotundas ornamentadas com motivos de espantar turistas.
Imaginem agora o dinheiro gasto nestas e noutras obras demasiado supérfluas, investido em habitação social. Já se poderia direccionar a chamada bazuca europeia para investimentos produtivos. Sem esquecer uma rede ferroviária decente.