Gestão do voto

Crónica de Opinião
Sexta-feira, 17 Novembro 2023
Gestão do voto
  • Rui Mendes

A votação do Orçamento de Estado para 2024 foi a razão que levou o Presidente da República a adiar a decisão de dissolver a Assembleia da República, permitindo assim alongar a “vida” do atual governo.

Sabendo-se a data em que haverá novas eleições legislativas, os partidos posicionam-se de forma a recolher a simpatia dos eleitores. O que quer dizer que tudo farão para conquistar votos.

As medidas que na proposta de orçamento apresentada pelo Governo não mereciam a aceitação dos portugueses serão retiradas ou aperfeiçoadas, pela simples razão que podem representar votos e, nesta altura, o voto é o foco. É esta a razão da alteração da posição do Governo relativamente ao IUC, ao ponto de agora até já se prever a baixa do imposto para os carros a diesel com matrícula anterior a 2007. Ao que a política chega.

Mas os portugueses sabem o estado do país. Sabem as preocupações que tiveram e tem no seu dia a dia. Sabem o resultado de 8 anos de governação de António Costa.

Sabem a lástima em que se encontra o SNS, em situação de total rutura, e com a sua capacidade de resposta fortemente reduzida.

Sabem o conflito que existe na educação, a guerra aberta com os professores, agravada pela por inação do governo, pois foi incapaz de arranjar soluções. Apenas adia a resolução de problemas.

Sabem a forma como foi tratada a Administração Pública. Sem qualquer visão estratégica. Toma-se uma decisão e depois ver-se-á como se resolve. Foi assim com a extinção dos SEF.

Valorizaram-se os salários das carreiras menos qualificadas, penalizando as remunerações dos quadros superiores e dos quadros dirigentes. Tudo sem uma visão integrada, valorizando umas carreiras e mantendo outras sem qualquer alteração.

Sabem que o combate à pobreza e à exclusão social não teve ainda resultados significativos, e que cerca de 20% da população continua em risco de pobreza e exclusão social, pobreza material e habitacional.

Sabem bem que os vários planos de Costa para a habitação foram um desastre. Não tiveram resultados. Razão pela qual o problema da habitação em Portugal é enorme.

Sabem as dificuldades financeiras resultantes dos efeitos do aumento do custo de vida e da perda de rendimentos.

Sabem que tivemos um Governo que em 8 anos foi incapaz de tomar uma decisão sobre a questão do aeroporto.

Sabem o que foram os 8 anos de confusões na TAP. Um dossier que após 8 anos ficará por resolver.

Sabem que Costa governou 8 anos em diferentes situações. Sem vencer eleições. Vencendo eleições, mas sem maioria. E, por último, ganhando com maioria absoluta.

Sabem que António Costa aguentou a governação quando parecia que não teria condições para tal, e caiu quando parecia que tinha todas as condições para governar com estabilidade.

Mas se caiu nesta altura foi por sua própria culpa, e pela forma como exerce a governação.

Chegados aqui, mantendo-se o Governo em funções a sua ação será redirecionada para o dia 10 de março, porque será nesse dia que se definirá quem assumirá o próximo governo, pelo que daqui para a frente o que importará será gerir com vista à obtenção do voto, pelo que retirar aumento do IUC do Orçamento para 2024 é apenas uma dessas ações.

Até para a semana

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