Homofobia à portuguesa

Crónica de Opinião
Sexta-feira, 19 Maio 2023
Homofobia à portuguesa
  • Glória Franco

 

Viva

Em todo o mundo, mais de 2 mil milhões de pessoas, vivem em países onde a homossexualidade é ilegal. Considerado crime em mais de 70 países, em 13 a pena de morte é o “castigo”.
Sendo a Europa pioneira, muito trabalho está ainda por fazer. Em muitos países da Europa Oriental, de África e da Ásia ainda se castiga quem reivindica o direito a amar. Os direitos reivindicados não são especiais, são direitos humanos.
O refúgio nas “legitimidades” culturais não possui nenhum sentido. Este perpetuar de preconceitos tão arraigados na nossa cultura, começam a assumir proporções preocupantes. A entrada na vida política portuguesa de um partido defensor de ideias homofóbicas e xenófobas apenas vem justificar as minhas preocupações. Os portugueses são homofóbicos e nada se tem feito para contrariar este estado das coisas.
Sempre que lhes é permitido tentam justificar práticas escabrosas que há muito deveriam ter sido banidas e, se tal ainda não se verificou, alguma da responsabilidade é nossa, dos docentes. Somos, com toda a certeza, um dos grupos responsáveis pelo perpetuar de preconceitos, crendices e ignorâncias. Para conseguirmos ser bem-sucedidos, temos de nos disponibilizar a aprender e, a ensinar a pensar. A racionalização de práticas e pensamentos deve começar cedo, mesmo muito cedo, pois ninguém nasce nem idiota, nem preconceituoso. Estas “qualidades” adquirem-se ao longo da vida.
Compete-nos ajudar os nossos alunos a aceitarem regimes de verdades. Este combate, pacifico, mas não pacifista, inicia-se no silêncio dos nossos refúgios e nos combates ideológicos, aos quais não devemos fugir. Combates travados contra os alinhamentos societários, escolhendo sempre o lado dos desalinhados.
Enquanto a Escola continuar discriminadora, as nossas crianças e jovens continuarão a discriminar.
Ficar a rebater passados sem encontrar soluções futuras, dificulta a evolução dos conhecimentos. Só olhando para a frente é possível encarar estas situações e contribuir para que sejam eliminadas.
O tempo vai passando, os acontecimentos repetem-se, enquanto a normalidade vai tomando conta das ações.
Na Assembleia da República, com o voto contra do o CHEGA e a indecisão do PSD não foi permitido o hastear da bandeira arco-íris, dia 17 de maio. Algumas medidas e políticas públicas para a eliminação da estigmatização e para a prevenção e combate às violências contra as pessoas LGBTI, já começaram a ser desenvolvidas, mas ainda ficam aquém do desejado. Precisamos combater a discriminação e os discursos com base nas orientações sexuais e nas identidades de género.
Também na Europa, esta onda de novos fascistas, começa a crescer e a arrastar algumas gentes na tentativa de aglutinar ódios.
Criando confluências esquecemo-nos da efemeridade do tempo, comecemos a encarar o futuro hoje, pois ontem, já não é possível e o amanhã já passou.
Os debates continuam por fazer, juntos das populações menos informadas, e a sua pertinência começa a assumir caráter de urgência na tentativa de os desconstruir, não para negar a sua existência, mas para o encarar na sua durabilidade e as suas evidências.
Todos somos responsáveis na construção de um futuro inclusivo e igualitário; todo temos o direito e a liberdade de ser quem somos e de amar quem escolhemos, sem sofrimentos, sem medos.

Saudações LIVRE’s

Até para a semana

Glória Franco

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