Isto, sim, é gozar com quem trabalha

Crónica de Opinião
Segunda-feira, 27 Março 2023
Isto, sim, é gozar com quem trabalha
  • Bruno Martins

 

Se o Governo do Partido Socialista fosse uma corporação de bombeiros e à sua frente visse um fogo a deflagrar, o que faria? Tendo em conta o que temos assistido, provavelmente esta “corporação” ficaria a olhar para ele, rezando para que ninguém reparasse, e quando o fogo estivesse em estado incontrolável e atingido quase todo o país, responderia com uma pistola de água, anunciando com pompa e circunstância a sua gloriosa intervenção com uma arma de plástico numa mão e um balde de água na outra.

É mais ou menos isto que temos assistido, e a revolta só pode ser grande. Esta semana, o Governo anunciou mais um pacote de resposta à crise que é uma mão cheia de nada. Em nome do brilharete do défice, o Governo rejeita responder estruturalmente à crise através do aumento dos rendimentos de quem trabalha, ao mesmo tempo que ignora quem, de forma moralmente criminosa, enriquece à custa do empobrecimento generalizado da população.

E não, não é falta de dinheiro público. O Governo tem uma almofada financeira mais do que suficiente para dar uma resposta séria. Mas não, prefere ir lançando para o chão umas migalhas de 6 em 6 meses como se fossemos um conjunto de pombos desesperados. Não somos pombos, mas estamos desesperados, e esse desespero não merece uma resposta que parece que é de quem goza com quem trabalha.

A única coisa séria que saiu da última conferência de imprensa do Governo foi a apresentação oficial do número de pessoas com carência económica elevada ou grave: 3 milhões de portugueses! Um número que ilustra a incompetência total deste Governo.

Um Governo que responde tarde e que num fraco populismo é incapaz de ir onde é preciso. Um exemplo claro é a anunciada isenção de IVA em alguns bens essenciais. De que vale o anúncio desta medida sem controlar os preços destes bens? É via aberta para uma possível borla fiscal para os grandes grupos de distribuição alimentar que, ainda não satisfeitos com os aumentos brutais que nos têm imposto (aumentos que chegam aos 40 a 50% em tantos produtos do cabaz essencial das famílias), poderão utilizar esta descida de IVA em seu proveito, não havendo um impacto real na carteira das famílias. Aliás, já temos essa prova: quando em janeiro o Governo desceu o IVA de 23 para 6% num conjunto de preços do cabaz alimentar essencial não houve qualquer impacto positivo para as famílias. Controlar os preços e taxar de forma clara e justa os lucros abusivos são a única forma de vermos um impacto positivo decorrente de uma medida deste tipo.

A pistola de água até pode ser muito gira para entreter, mas o país está a arder…

Até para a semana!

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