Na Argentina, a segunda volta das eleições presidenciais decorreu com normalidade democrática. Javier Milei, o candidato que se intitula ‘anarco-capitalista’, conseguiu 56% dos votos, contra Sergio Massa, actual ministro da Economia, numas eleições em que votaram 76% dos eleitores argentinos. O facto do voto ser obrigatório explica certamente a parca abstenção. Sergio Massa reconheceu a sua derrota ainda antes dos resultados terem sido divulgados e felicitou “o Presidente que os argentinos escolheram para os próximos quatro anos”, atitude ritual cujo significado, como pilar fundamental do pacto democrático, é cada vez mais importante realçar, antes que os exemplos de Trump e Bolsonaro façam escola.
No seu discurso de vitória, ontem à noite, Javier Milei, prometeu um virar de página e a transformação da Argentina numa “potência”, pelo abandono do modelo estatista e pela aposta em três princípios: “um governo limitado, o respeito pela propriedade privada e o respeito pelo comércio livre”.
Milei foi um candidato de propostas radicais e algumas aparentemente bizarras, como a de fazer do dólar a moeda oficial da Argentina. Dizem-no radical de direita e ultra-liberal e parece ser fã de Trump e de Bolsonaro. Lula da Silva já anunciou que não vai à tomada de posse e André Ventura, aposto, está mortinho por ir. Veremos o que este populismo de direira fará ao país. Mas já sabemos o que o populismo peronista lhe fez: pobreza, insegurança e uma inflação galopante que vai a 140%. Javier Milei não surgiu do vazio.