Mais um que parece ter ensandecido

Nota à la Minuta
Quinta-feira, 11 Novembro 2021
Mais um que parece ter ensandecido
  • Alberto Magalhães

Já é, pelo menos, a segunda vez que o ministro da Defesa destrata o Presidente da República. No dia em que Gouveia e Melo saiu da task force vacinal (lembram-se?), o ministro informou o Chefe de Estado Maior da Armada de que estava demitido. Foi, digamos, demasiado impulsivo e esqueceu-se do que estava combinado entre as partes, obrigando Marcelo a puxar pelos galões de Comandante Supremo das Forças Armadas.

Agora o caso é mais estranho, como eu já aqui anotei anteontem, ou pior, muito mais complicado. Diz João Cravinho que, assim que foi informado, pelo EMGFA, das denúncias sobre o contrabando de diamantes e do alerta à PJ militar, terá passado a informação às instâncias militares da ONU, o que parece perfeitamente compreensível.

Mas, percebemos ontem (ou julgamos ter percebido) que o ministro fez mais: pediu pareceres jurídicos que lhe apontaram o caminho do secretismo paranóico e da deslealdade pessoal e institucional em relação ao primeiro-ministro e ao Presidente da República. Quer a separação de poderes quer o sigilo exigido pela investigação são desculpas patéticas para uma concepção mirabolante de “quem é quem” neste caso.

Como pode um ministro da Defesa julgar que o que dá a conhecer a alguns juristas conselheiros; o que já é do conhecimento da PJ militar, do MP e da PJ civil; deve ser escondido, primo, do primeiro-ministro que lhe entregou a pasta ministerial e, segundo, do Presidente da República, primeira figura da hierarquia do Estado? Como pode o ministro, depois deste atropelo às normas de funcionamento do Governo, à Lei da Defesa Nacional e às elementares regras do bom senso, dizer aos jornalistas que se sente completamente confortável no lugar? Mais um que parece ter ensandecido.

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com