De há uns anos para cá, ganhei o hábito, que considero luminoso, de – em se tratando de problemas entre homens e mulheres – mudar mentalmente o sexo das personagens e analisar o resultado. Por exemplo, considere-se a seguinte notícia: “a autarquia de Paris, foi multada em 90 mil euros pelo ministério da Função Pública, por ter, em 2018, demasiados homens em cargos de chefia (69%): 11 homens e apenas 5 mulheres, quando a lei em vigor na altura só permitia um máximo de 60% por género. O presidente da Câmara pagou a multa, mas o ministro da Função Pública lembrou que “aquela lei absurda foi, entretanto, revogada” e que o dinheiro da multa seria aplicado em “acções concretas de promoção dos homens na função pública”.
Pois, a coisa começou a soar-lhe mal nesta última frase, aposto. Então os homens estão em maioria e querem promover-se ainda mais? Que desaforo! Calma! Respire fundo e onde eu disse homem ponha mulher e vice-versa. Verá que tudo volta a fazer sentido. A Presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo, foi multada por ter em lugares de chefia 11 mulheres e apenas 5 homens, mas anunciou a coima como se fosse um prémio: – tenho o prazer de anunciar que a autarquia foi multada por termos nomeado demasiadas mulheres para cargos de direcção – disse. A ministra Amélie de Montchalin, regozijou-se por aquela lei “absurda” ter sido revogada, e destinou os 90 mil euros “à promoção das mulheres na função pública”. Assim, tudo passou a fazer sentido, não acha?