Não façam de Marcelo um biombo

Nota à la Minuta
Quinta-feira, 27 Abril 2023
Não façam de Marcelo um biombo
  • Alberto Magalhães

 

O mote dado por António Costa, há dias, e por Augusto Santos Silva, na sessão solene do 25 de Abril, repetido desde então à saciedade nas televisões e redes sociais, é simples: a maioria absoluta que sustenta o Governo tem pouco mais de um ano, os eleitores escolheram a estabilidade e não é tempo de disputar eleições. É preciso, é fundamental, respeitar o tempo próprio da democracia.

O mote é simples e tem a vantagem de ser, basicamente, verdadeiro. Tem uma dupla função: por um lado, clamar que a insistência do Presidente da República, a toda a hora, na hipótese de dissolver o Parlamento, é uma perniciosa e insensata tentativa de desestabilização do país; por outro lado, desvalorizar as sucessivas trapalhadas, descuidos, incompetências, irresponsabilidades, amoralidades e falta de transparência que têm caracterizado a actuação deste Governo.

Que não é tempo de eleições, parece evidente. Marcelo Rebelo de Sousa bem o sabe. Mas também sabe que não pode continuar a ser o anjo-da-guarda de um Governo suficientemente disfuncional para ser comparado – com desvantagem – ao de Pedro Santana Lopes. Sim eu sei que as legitimidades eleitorais são diferentes, num caso e noutro. Mas quanto a trapalhadas, quem sai por cima? Portanto, sugiro que nos círculos socialistas, deixem de fazer de Marcelo um biombo e passem a perguntar-se por que motivo António Costa não consegue, ou não quer, fazer um Governo mais saudável e competente.

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