Há alturas em que até os aparentemente inteligentes se comportam como se a razão os tivesse abandonado e ido a banhos para um qualquer sítio paradisíaco. Coincidem, naturalmente, com períodos eleitorais onde a busca da falha ou da suposta falha do adversário os leva a agir em função do que seriam capazes de fazer se estivessem no lugar do outro.
A propósito da mudança do centro de vacinação construíram-se verdadeiros enredos dignos de um mau filme de espionagem ou de uma fotonovela dos anos 60 do século XX.
Antes de saberem as razões da mudança inventaram teorias fantásticas que concluíam que resultava de um qualquer desejo obscuro da Câmara de Évora de cumprir uma obrigação contratual assumida com os proprietários da Praça de Touros.
Como se alguém, no seu perfeito juízo, equacionasse mudar algo que estava a funcionar e a dar resposta a uma necessidade no âmbito da saúde pública para o cumprimento de uma obrigação que resultava na realização de touradas ou de qualquer outra coisa a acontecer.
Não perguntaram, não se informaram e desataram a dizer disparates julgando que o disparate pudesse dar votos e sinecuras.
Bastaria um simples contacto com as pessoas que ali trabalham para perceberem que a única razão para a mudança era ausência de condições de conforto térmico para se continuar o processo de vacinação durante o ameno Verão de Évora.
Estiveram-se nas tintas para perceber o esforço para encontrar uma solução alternativa e que o custo dessa solução iria recair sobre a autarquia sem partilha de responsabilidades financeiras com os organismos que tutelam a saúde.
Felizmente houve quem trabalhasse para encontrar solução, quem assumisse a responsabilidade financeira de a implementar e quem se preocupasse com o conforto dos utentes e dos profissionais de saúde e assim, a partir de amanhã, os eborenses que ainda não foram vacinados e os profissionais de saúde terão muito melhores condições para que tudo aconteça como esperado.
Espantou-me em particular uma pessoa que conheço, que veio assumir na sua página da rede social uma posição de indignação perante uma motivação que não existia.
Bem sei que dias depois se retratou e reconheceu que as razões eram diferentes daquelas que imaginou para a transferência do centro de vacinação e isso fez toda a diferença. Fez-me lembrar as razões pelas quais lhe tenho respeito apesar das nossas diferenças de posição política.
Mas outros insistem na mesma tecla mesmo depois de lhes ter sido explicado, recusando-se a dizer: enganei-me.
A mesma ciência que encontrou muito rapidamente a vacina para nos proteger da Covid19, ainda não descobriu a fórmula mágica para evitar a desonestidade intelectual de quem acha que pode abdicar da inteligência apenas porque se aproximam eleições.
É pena!
Até para a semana