Viva
Quarta-feira foi o Dia da Mulher e esta semana só me fazia sentido escrever sobre este assunto. Faço-o, não só porque sou mulher mas , também, por ser mulher trabalhadora, mãe, avó e com alguma atividade política regular.
Ao ouvir alguém questionar se fará sentido existir um dia para celebrar a Mulher, pergunto em que mundo estas pessoas vivem. Não vou aqui explicar o porquê do dia, já todo conhecem as razões quero, no entanto, enfatizar o desrespeito ainda sentido por muitas mulheres; o desprezo com que são tratadas e a frequência com que os seus direitos são desconsiderados.
Se a paridade continua a fazer sentido? Claro que sim, enquanto as mulheres estiverem a ser postas para segundo plano, esta faz todo o sentido.
Em 1977, a ONU, instituiu o Dia Internacional da Mulher. Representando mais de 50% de toda a população mundial nem esta visibilidade conseguiu terminar com as diferenças que teimam em existir nas atuais sociedades. Enquanto não forem cumpridos e reconhecidos todos os nossos direitos, este dia tem toda a razão para continuar a existir.
Passando um breve olhar pelo mundo, a Mulher continua a surgir como um ser inferior, ou mesmo a anular-se como ser humano, isento de direitos e de reconhecimento. Pensem na China, no Irão, no Afeganistão, na Síria, na Etiópia, no Uganda………mas fiquemo-nos por Portugal. A luta por melhores condições laborais, pela redução da jornada de trabalho e direitos iguais face aos homens continua a ser uma batalha a travar. Somos a maioria dentro das universidades, somos a maioria nos cursos de doutoramento, mas continuamos a ser uma minoria nos locais de decisão e muito poucas atingem cargos de topo tanto na política como dentro das empresas. Se a educação tem um poder transformador este ainda não se revela na nossa sociedade.
Segundo o secretário-Geral da ONU, António Guterres “A cada dez minutos, uma mulher ou menina é assassinada por um membro da família ou por um parceiro íntimo. E a cada dois minutos, uma mulher morre durante a gravidez ou o parto.”
Por cá, a violência doméstica continua a aumentar e os agressores quase sempre saem impunes. No Irão as raparigas são envenenadas com o objetivo de as afastar das escolas e universidades, são mortas por não andarem vestidas segundo os padrões fundamentalistas; no Afeganistão são proibidas de estudar e vendidas para casarem; na Nigéria, o Boko Haran rapta e viola as que frequentam as escolas; nos países em guerra são as mulheres as primeiras vitimas, são as primeiras a serem deslocadas e a deixar para trás as famílias, casas e vidas.
E ainda há que não veja sentido em celebrar este dia.
A igualdade de género continua por cumprir, não nos é permitido abrandar a luta, nenhuma mulher pode ficar de fora.
E, por favor, não me deem flores nem caixas de bombons, quero apenas justiça e igualdade de direitos.
Saudações LIVRE’s
Até para a semana
Glória Franco.