De regresso a mais uma temporada de crónicas na DianaFm gostaria de ser otimista e formular aqui, modestamente, algumas críticas construtivas, mas a realidade a isso me impede.
Para a governação lusa, à exceção dos cortes nas pensões que, só assumira a muito custo, está tudo bem, é um país fantástico para todos os que aqui escolheram fazer a sua vida. Os problemas económicos e financeiros existentes são de responsabilidade alheia.
Na verdade, para os que estão disponíveis para ver e ouvir a realidade, esta aponta, precisamente, no sentido contrário. O país tem pouco mais de 10 milhões de habitantes, dos quais dois milhões e trezentos mil, são pobres. Este número, porventura, poderá ser mais alto se não forem consideradas as prestações sociais atribuídas. O que significa que o fosso que separa os mais ricos dos menos ricos é cada vez maior. Há, por isso, muita gente que está votada à sua sorte.
Não posso nem devo escamotear que a pandemia e a guerra na Ucrânia foram terrenos férteis para a baixa produção industrial, para a crise energética, bem como no disparar da inflação. Contudo, esta conjuntura terá consequências mais nefastas naqueles que menos têm.
Os preços da alimentação, dos combustíveis e dos juros afetos aos empréstimos bancários, têm vindo a aumentar de forma muito expressiva o que, inelutavelmente, irão afetar os mais desprotegidos.
Ora, o que se pede aos governos e aos presidentes da república, sejam eles de que partido forem, e, falo no presidente, porque o nosso regime é semipresidencialista, o que significa que há contrapoderes e eles devem ser exercidos na sua plenitude, é que falem a verdade aos cidadãos.
Desde 2015 que, o país tem vivido numa ficção permanente, fora da realidade. O que corre bem é mérito das políticas do governo, quando as correm mal isso deve-se à conjuntura internacional. Contudo, quando se distribui aquilo que não se pode, vem sempre um preço muito alto a pagar e os mais desprotegidos, mais uma vez, sãos os mais penalizados. Pergunta o ouvinte: mas quem são os culpados? Na minha modesta opinião, são aqueles que têm vindo a acreditar no conto do vigário.