O dever cívico

Crónica de Opinião
Quarta-feira, 28 Setembro 2022
O dever cívico
  • José Policarpo

 

 

É ou não verdade que as gerações mais novas estão mais alheadas da ação partidária? A intelectualidade lusa que, estuda estes fenómenos, defende que sim. Há menos jovens a aderirem às juventudes partidárias. As causas serão muitas, mas uma parece ser inequívoca: a maior parte dos jovens não se identifica com os dirigentes partidários na forma de atuação e no conteúdo do discurso apresentado.

Ora, numa democracia representativa, como é o caso da nossa, os partidos políticos têm o dever de falar para os jovens cativando-os com intervenções que constituam resposta aos seus anseios e inquietudes, sob pena de perderem grande parte da sua utilidade. Porque segundo parece os jovens não se demitiram das suas responsabilidades cívicas, por essa razão a questão principal é como evitar a criação de movimentos inorgânicos, que se sabe como é que começam, todavia, não se sabe qual o rumo que podem levar.

Erradamente, do meu ponto de vista, os partidos políticos, há pelo menos duas décadas a esta parte, assessorados pelos gurus da comunicação, foram aconselhados a falar para o eleitorado que depende do orçamento do Estado, reformados e funcionários públicos, no sentido de manterem o poder ou de o conquistar.

Parece que a premissa não está errada, pois é uma questão de aritmética, metade da população portuguesa é dependente desse dinheiro. Porém não será menos certo afirmar-se se o país deixar de poder endividar-se com o preço do dinheiro a taxas de juro baixas, o figurino mudará e os partidos ficarão sem propostas credíveis e ninguém os levará a sério, tanto os eleitores beneficiados, bem como os excluídos.

Se a política é a arte do possível, o político deverá fazer tudo para que o possível seja alcançado em nome dos seus representados. Por isso, prometer dar tudo a todos, não só é impossível, como é o princípio da ruína de um país. Com efeito, a dívida pública e os défices dos orçamentos do Estado são realidades irredutíveis.

Em suma, para a cativação de mais e melhores jovens para o ceio dos partidos é necessário um discurso sério, não de ocasião, focado no futuro melhor para toda a comunidade.

Por último, na última sexta-feira o governo e o maior partido da oposição sentaram-se à mesa das negociações para definirem a metodologia a utilizar tendo em vista a definição da localização do novo aeroporto de Lisboa. Ficámos a saber que para além de Montijo e Alcochete, há outras. Pergunto: segundo julgo saber a de Beja está fora da equação, o que têm a dizer, sobre a esta decisão, os oito deputados eleitos à assembleia da república pela região do Alentejo? Não se esqueçam que foram eleitos pelo e em nome do povo alentejano.

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