Ontem, a rainha Isabel II, leu na Câmara dos Lordes, o programa do novo governo britânico, em que Boris Johnson promete mil e uma reformas e um próximo futuro completamente radioso, sendo a saída da União Europeia a 31 de Janeiro a primeira pedra e a revitalização do SNS a segunda, de um magnífico Reino Unido cheio de oportunidades em cada esquina. Da Escócia e da Irlanda do Norte nem uma pequena dúvida.
Hoje mesmo, Boris fará votar no Parlamento uma nova versão do acordo do Brexit, que elimina a possibilidade do período de transição se estender para além de 2020 e limita o poder de interferência da própria Câmara dos Comuns nas futuras negociações. Fará isto tranquilamente, mercê da esmagadora maioria que arrecadou nas eleições e face a um Partido Trabalhista completamente estraçalhado, graças a uma direcção política com propostas económicas delirantemente esquerdistas e “uma profunda hostilidade para com a política externa ocidental” como referiu Tony Blair recentemente, segundo o Diário de Notícias.
Quanto à posição dos trabalhistas em relação ao Brexit, Blair criticou o “caminho de indecisão quase cómica, alienando ambos os lados do debate”, ou seja, deixando os eleitores trabalhistas “sem orientação ou liderança”.
O pior é que, se Corbyn já disse que assumia a responsabilidade da derrota e abriu caminho para a eleição de outro líder, não é líquido que a extrema-esquerda instalada desista de controlar o partido e permita uma renovação programática. Se assim for, é melhor encomendarem um requiem pelo Partido Trabalhista.