O estado da Nação e o estado da Oposição

Nota à la Minuta
Sábado, 24 Julho 2021
O estado da Nação e o estado da Oposição
  • Alberto Magalhães

Semana dominada pelo Debate sobre o Estado da Nação, na Assembleia, fechando a sessão parlamentar. António Costa voltou ao seu optimismo irritante, fazendo um diagnóstico demasiado animador e um prognóstico ainda mais positivo da situação do país, ao mesmo tempo que se queixava – e com alguma razão – da oposição à direita, que não teria nada a propor aos portugueses, limitando-se a ‘morder o isco’, diria eu, dos “casos e casinhos” que o Governo vai fornecendo em catadupa, sobretudo através do futuro ex-ministro Eduardo Cabrita.

Claro que alguns ‘casinhos’ acabam por ser alarmantes, mas desses pouco se falou no debate, ou nada: seja a inconstitucionalidade do recolher obrigatório e demais limitações a liberdades fundamentais no âmbito do Estado de Calamidade, seja a alteração aprovada pelo PS, Bloco e PAN, que permite ao Ministério Público escutar-nos as conversas sem autorização prévia de um juiz de instrução.

Com mais 100 mil desempregados, só este ano, com mais 400 mil pobres, mercê da pandemia; com uma dívida externa astronómica em percentagem do PIB, num sistema capitalista sem capital; com a maioria da população dependendo do Estado e o declínio demográfico a fazer perigar o sistema de segurança social; com uma fornada de crianças que esteve dois anos sem aprender que se visse na escola e o facilitismo a alastrar na escola pública, por todos os graus de ensino; com as universidades convertidas ao pragmatismo tecnocrático e cada vez mais longe da alta cultura e da busca de sabedoria; com a justiça cada vez mais inacessível à classe média e sempre lenta a julgar, sobretudo os colarinhos brancos; com os boys a ocupar, como sempre, os jobs no aparelho do Estado, num processo em que a competência é acessória; com um milhão e 300 mil cidadãos sem médico de família e meses, ou anos, de espera por um consulta de especialidade ou uma cirurgia; com um Governo fechado numa bolha de fidelidade ao primeiro-ministro, com ministros de bradar aos céus de inabilidade e incompetência; um Governo manietado pela dependência dos votos de partidos como o PCP, o BE ou o PAN, com programas e objectivos de bradar aos céus e arruinar países; com uma direita partida, desorientada, incapaz de trabalhar para ser alternativa credível, ou sequer de limitar os disparates do Governo, a Nação vai de carrinho, ó se vai! Não, que digo eu? Não é a pimenta da Índia, não é o ouro do Brasil, é o cheque da bazuca da Europa. “Já posso ir ao banco?”, pergunta António Costa e com ele a Nação.

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