A TAP irá certamente acompanhar a vida do atual Governo. Por muito que o Executivo queira desviar-se do tema, e colocar outros assuntos na agenda, a TAP persiste em ser assunto do dia.
Por isso não poderia deixar de entrar nesta crónica, ainda que a título introdutório.
Se recuarmos no tempo percebemos que foi o próprio António Costa que posicionou a TAP como “empresa governativa”.
E faz sentido esta nota inicial porque a atenção dos portugueses para os assuntos relacionados com a TAP tem sido de tal dimensão que até afastaram os assuntos relacionados com os indicadores económicos do país para planos secundários. Indicadores económicos que foram durante os últimos anos o foco central do combate político em Portugal.
Mas no meio desta confusão de sucessivos casos, de metas prometidas que não estão nem serão cumpridas, da fraqueza que é este Governo, subsistem dois trunfos ao primeiro-ministro.
Os fundos comunitários, e o atual valor do défice, que se coloca em 0,4%. Está aqui a margem de ação do Executivo, se bem que os fundos comunitários foram sempre um trunfo governativo para o primeiro-ministro, uma forma de ir injetando fundos financeiros no país e assim apaziguar o descontentamento de alguns setores.
Contudo, não poderemos considerar que Portugal apresente uma boa performance comparativamente com os outros países da União Europeia.
Porque, objetivamente, Portugal é o país da OCDE que está mais dependente do BCE, sabendo-se que o banco central europeu irá deixar de reinvestir em dívida portuguesa. Não esqueçamos que a compra de dívida pública portuguesa pelo BCE tem tido uma importância fundamental.
Por outro lado, embora António Costa anuncie por todo o lado que Portugal apresenta bons indicadores económicos, os portugueses não deixam de ter significativas quebras no seu rendimento, perdendo poder de compra, ficando cada vez mais pobres. E este empobrecimento dos portugueses será também uma marca dos governos de António Costa, porque ele vem acontecendo com o decorrer do tempo, e como prova disso é a posição que hoje Portugal ocupa no ranking dos 27 países da UE no indicador PIB per capita, onde integramos o grupo dos últimos, apenas com países como a Letónia, Croácia, Grécia, Eslováquia e Bulgária, atrás de nós. Na última década descemos várias posições neste ranking. Muitos dos países que nos ultrapassaram entraram para a UE muitos anos após Portugal e estavam, à data, com rendimentos per capita muito abaixo do PIB per capita dos portugueses. É uma matéria que nos deve levar a refletir.
Até para a semana