O momento político

Crónica de Opinião
Sexta-feira, 05 Maio 2023
O momento político
  • Rui Mendes

 

O atual Governo marca a sua existência pela particularidade de criar casos e por permitir um estado de constante instabilidade política, pese embora seja sustentado por uma maioria parlamentar.

A gestão do dossier TAP é bem elucidativa da forma como o Executivo gere mal dossiers que deveriam ser geridos com particular ponderação.

A desorientação dos Governos de António Costa resulta de decisões tomadas, da falta de conseguir atingir metas estabelecidas, de falhar com promessas, de não conseguir que os serviços públicos respondam às necessidades, desde logo em setores chave como a justiça ou a saúde, resultando tudo isto num descontentamento geral que é sentido em todos os setores da sociedade.

O clima político que se tem vivido, já de si bastante negativo, agravou-se após os tristes episódios que se passaram no ministério das infraestruturas. Absolutamente lamentáveis.

Ao entender não exonerar o ministro das infraestruturas António Costa provocou, num clima político que já não lhe era totalmente favorável, uma tensão com o Presidente da República.

Verdadeiramente António Costa já tinha agido de idêntica forma por várias vezes, segurando ministros, quando o bom senso político, pedia uma ação em contrário. Fê-lo com Constância Urbano Sousa, com Azeredo Lopes, com Francisca Van Dunem, com Eduardo Cabrita, com Marta Temido e com Pedro Nuno Santos. Todos eles vieram a sair do Governo, mas muito mais fragilizados. Com João Galamba também assim vai ser, será um ministro com reduzido espaço político, a exercer a função mas ferido politicamente, limitado na sua ação, num ministério que gere um vasto conjunto de dossiers de particular importância, desde logo aquele que tem derrubado sucessivos membros do Governo, o dossier TAP, e que verdadeiramente também já derrubou Galamba. Manter este ministro em funções resulta numa teimosia política que, naturalmente, terá os seus custos.

Para mais, os Governos de António Costa têm tido um espaço de tolerância por parte dos portugueses de enorme dimensão. A cadência de casos, de indecisões, de asneiras que António Costa foi somando com o tempo foram reduzindo esse espaço, para mais quando os portugueses vivem tempos de dificuldade, e quando António Costa apregoa que o país vive uma situação económica favorável.

Se António Costa pretendia provocar eleições (algo que nunca iremos saber), passando as atenções a centrarem-se num outro espaço, e sendo uma forma airosa de se afastar da governação, enganou-se.

Para mais, o Governo ainda terá muito para esclarecer  sobre o que se tem passado com a TAP, como terá muito para responder perante os portugueses.

Ficámos com uma certeza. Este Governo dificilmente se aguentará até ao final da legislatura. Se já tínhamos um Governo fraco, agora temos um Governo fraco mas muito mais fragilizado e muito mais pressionado.

 

Até para a semana

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