O negócio da saúde para acabar de vez com o SNS

Crónica de Opinião
Segunda-feira, 17 Junho 2024
O negócio da saúde para acabar de vez com o SNS
  • Bruno Martins

A falta do que é essencial traz consigo o desespero, e o desespero é o pior conselheiro que a democracia pode ter.
E falta tanto no nosso país. Queria falar-vos, hoje, sobre Saúde. Já se tornam banais os avisos do Hospital do Espírito Santo quanto aos condicionamentos das Urgências ou as informações relativas à falta de resposta em diversas especialidades.
Anos e anos de degradação do SNS, de planos e mais planos, medidas anunciadas atrás de medidas anunciadas que têm todas o mesmo problema de base: não se contabilizam os profissionais para cumprir os objetivos, não se encontram formas de reter os profissionais de saúde no SNS. Faltam enfermeiros e médicos para dar resposta a tantas especialidades cruciais para a vida humana. Faltam psicólogos, nutricionistas e dentistas nos cuidados de saúde primários, e por isso a promoção da saúde e prevenção da doença estarão sempre aquém do ideal.
Évora é apenas mais um espelho do país. Por aqui andamos a ver um novo Hospital a ser construído e sem constatarmos o óbvio – as instalações de ponta estarão abandonadas do mais precioso que temos no SNS: profissionais de saúde.
PS nada fez e PSD e CDS assumem indiretamente querer acabar com o SNS. O mais recente plano de saúde apresentado é claro sendo, na verdade, um autêntico plano de negócios para o sector da saúde privada em Portugal. Fica claro, o Orçamento da Saúde será cada vez mais um subsídio directo à saúde privada, que fortalecida ainda retirará mais profissionais de saúde ao SNS. Respostas para uma valorização séria das carreiras e um plano para uma formação alargada de profissionais de saúde que combata lobbies obsoletos não se vislumbram.
A grande novidade: aumentar a tentativa de migração de doentes para os hospitais privados substituindo cheques cirurgia por vouchers telefónicos. Quem está em lista de espera vai receber um telefonema, ou vários, a insistir que vá ao hospital privado onde não quer ir. Não aprenderam nada com o falhanço dos cheques cirurgia. O que as pessoas precisam é do seu médico de família, do seu médico especialista no seu hospital público, ao pé da sua casa, e em quem confiam.
Substituir um Plano de Saúde Pública por um Plano de Negócios. Uma das primeiras medidas de um Governo que governará para os grandes negócios e nunca para os portugueses.

Até para a semana!

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