A perplexidade do comum cidadão diante da complexidade do pensamento político baseado na Ciência, brota em mim com crescente intensidade. Um dos conceitos que mais me tem custado a assimilar e a acomodar e tudo isso, é o chamado ‘princípio prudencial’, sobretudo quando aplicado à aplicação das vacinas. Ouço os cientistas e dizem o que, para mim, é evidente: qualquer das vacinas aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento, tem riscos mínimos, muito inferiores aos riscos de sofrer consequências graves por ser infectado sem estar vacinado.
Pois bem, chega uma qualquer autoridade de saúde, ou membro do Governo, invoca a Ciência para começo de conversa e tranquilidade do indígena, papagueia o racional sobre os benefícios que superam largamente os riscos e anuncia, sem se desmanchar, que, “apenas por uma questão de prudência”, a vacina vai ficar armazenada, à espera de melhores dias ou de melhores recomendações, ou vai ser usada só em maiores de 60 anos.
Ora, no meu, decerto, fraco entendimento do que vem a ser uma avaliação de risco, se é muito maior o risco de morrer de Covid-19 do que de falecer após vacinação, mandaria o tal Princípio da Prudência em Saúde Pública que se vacinasse, o mais rapidamente possível, o maior número de cidadãos.
Os políticos que se dizem apoiados na Ciência, estão a pensar (mas não o dizem) na “Ciência” Política: se morrerem cinco pessoas após vacinação, a populaça vai acusá-los de homicídio por negligência, se morrerem 5000 por falta de vacina, assim o quis a divina providência.