Governo versus oposição, oposição de esquerda versus oposição de direita, andamos nisto há meses e meses e o Zé Povinho (como diria o Bordalo) coça o bestunto e interroga-se perplexo: afinal de contas quem me diz a verdade e quem me engana? O assunto é sério, tão sério que merece uma boa gargalhada, para desopilar!
A oposição diz: – os serviços públicos estão um caos, falta dinheiro e faltam efectivos nas polícias, nas forças armadas, nos hospitais e centros de saúde, nas escolas e universidades. Faltam barcos e comboios. Faltam assessores aos juízes.
Vem o governo e responde: – na anterior legislatura, contratámos X e Y milhares de enfermeiros, médicos, auxiliares de saúde e de educação, comprámos N comboios, barcos, coletes anti-bala e pares de algemas.
Eu não costumo ser de intrigas e teorias da conspiração, mas começa-me a parecer que neste país há uma espécie de vórtice, de sumidouro, que chupa misteriosamente o dinheiro, os materiais e os recursos humanos com que o governo não desiste de equipar os serviços públicos.
Num país mais organizado, poderíamos ao menos ter uma ideia de para onde se somem os funcionários: X para a reforma, Y para a privada, W para a baixa médica ou para o cemitério, Z para o estrangeiro, para dar um exemplo. Ou poderíamos calcular quanto do aumento anual de investimento se some graças à incompetência e má gestão, à burocracia, ou mesmo à corrupção. Mas em Portugal, não! Resta-nos Centeno, para nos lembrar, à bruta, que devemos ao estrangeiro mais do que o nosso Produto Interno Bruto.