Obsolescência

Crónica de Opinião
Quinta-feira, 07 Novembro 2019
Obsolescência
  • Eduardo Luciano

 

 

O grupo parlamentar do PCP apresentou um projecto-lei que visa combater a obsolescência programada.

Como se calcula não teremos cafés cheios a discutir a obsolescência programada, encarniçadas discussões nas redes sociais ou dois amigos a cruzarem-se e a perguntarem: então pá, o que achas daquela cena da obsolescência programada?

E no entanto, serão todos capazes de discutir horas infinitas acerca do ambiente, da ausência de planeta b, de plástico, de lítio e de muitas outras coisas que se ouvem nos noticiários do tele lixo.

Afinal o que é isso da obsolescência programada? É a introdução pelos produtores de equipamentos de uso comum, de elementos ou características que condicionam a longevidade obrigando à sua substituição ao fim de algum tempo.

Acresce ainda que o único objectivo é aquisição de outros produtos com o consequente custo acrescido para consumidores e Natureza, num tempo que os avanços tecnológicos e científicos estão em condições de produzir utensílios e dispositivos com maior longevidade.

Diz-se na fundamentação da proposta: “Estima-se que os custos da obsolescência programada ou da pequena durabilidade de alguns utensílios e dispositivos são sensíveis não apenas no consumo exacerbado de recursos naturais e de serviços de reciclagem e tratamento de resíduos, como também no plano da emissão de gases com efeito estufa. A título de exemplo, para utilizar os dados mais recentes, recolhidos pelo EEB (European Environmental Bureau) – uma rede de ONG de Ambiente sedeadas no espaço europeu, um aumento de um ano no prazo de vida de telefones portáteis, aspiradores, máquinas de lavar roupa e computadores portáteis, poderia representar uma diminuição de 4 milhões de toneladas de Dióxido de Carbono-equivalente nas emissões.”

A proposta do PCP prevê que as garantias dadas pelos fabricantes de grandes e pequenos electrodomésticos, viaturas e dispositivos electrónicos tenham a duração mínima de quatro anos a partir de 2020, cinco a partir de 2022 e 10 anos de garantia mínima a partir de 2025.

Aguardamos para ver qual será a posição dos fervorosos cristãos novos do ambientalismo quando a proposta for a votação.

O desafio agora é conseguir colocar tudo isto numa frase de três palavras que caiba num cartaz de 8 por 3 metros e que a comunicação social ache piada.

Quem nunca fica obsoleta é a poesia de Sophia, de quem ontem celebrámos o primeiro centenário, como se pode comprovar pelo poema “As pessoas sensíveis”.

Ó vendilhões do templo

Ó construtores

Das grandes estátuas balofas e pesadas

Ó cheios de devoção e de proveito

Perdoai-lhes Senhor

Porque eles sabem o que fazem

Até para a semana

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