Um dos maiores tiros no pé desta República Portuguesa foi o desprezo absoluto pelo transporte ferroviário. Desde 1974, perderam-se 40% das linhas existentes, tendo hoje o país os mesmos quilómetros de ferrovia que existiam em 1893. A opção pela rodovia, ainda por cima com milhares de quilómetros de auto-estradas pouco frequentadas e de uma relação custo-benefício completamente irracional, enquanto a Europa quase toda apostava nos comboios, rápidos, seguros, limpos e baratos, é certamente um dos factores que mais têm prejudicado o nosso desenvolvimento.
Segundo um trabalho de Carlos Cipriano, no Público de 19 de Abril, a densidade da nossa rede – 2,8 km de ferrovia por 100 km2 – tornou-se ridícula quando comparada com a da Bélgica (11,8) ou a da Suíça (12,9).
E, no entanto, se há país que, por estar longe do centro da Europa, necessitaria de ter investido no transporte ferroviário de passageiros e, sobretudo de mercadorias, tornando mais competitivos os seus portos, esse país é Portugal.
O actual Governo parece que tenciona acabar com o marasmo ferroviário. Em boa hora! Mais vale tarde que nunca. António Costa veio ao Alentejo prometer a linha Sines-Elvas para o final de 2023. Afirmou também que, para além de “aumentar brutalmente a competitividade do Porto de Sines”, para o Alentejo, “esta linha será tão importante como o Alqueva”, por “potenciar muito a atractividade para a fixação de empresas”. Veremos então, como vai o ministro Pedro Nuno Santos resolver a ligação do Parque industrial de Évora à virtuosa linha.