Em vias de resolver o momentoso problema dos nomes próprios neutros, possibilitando que pais avisados ponham ao seu rebento, em vez de Francisco ou Francisca, consoante o seu sexo aparente, o mais previdente Francisque, acautelando a sua futura autodeterminação de género, a maioria absoluta que nos governa decidiu que era tempo de dar mais um passo rumo à sociedade 100% saudável, impondo novas restrições à venda e ao consumo de tabaco.
Como ex-fumador que conhece, por experiência própria, os malefícios do tabaco, reconheço a irracionalidade do uso e abuso de uma droga que pouco prazer dá, para além do alívio da ansiedade provocada pela sua privação. Percebo hoje, além disso, que a dificuldade em abandonar o tabaco é percebida pelo fumador de forma absolutamente exagerada. Mais, hoje, as consultas e a medicação anti-tabágicas tornam a libertação mais fácil.
Por isso, é difícil argumentar contra medidas como as que o Governo anunciou ontem. Mas, ao mesmo tempo, elas provocam um arrepio que torna difícil a sua digestão. Os fumadores são, claramente, tratados como crianças irresponsáveis a quem, pouco a pouco, é preciso retirar o brinquedo perigoso. A bem da sua saúde… e das contas do SNS. Custa, sobretudo, quando se percebe que o tabaco é um bom precedente para o que vem a seguir. É que o álcool também mata que se farta e provoca incontáveis problemas familiares e sociais. Mas também as carnes vermelhas e as gorduras, o sal e o açúcar, são altamente prejudiciais. A ginástica obrigatória será o passo seguinte?
