Meio de Maio e cá estamos novamente, como em todos os últimos anos. Seca severa, de acordo com os especialistas credenciados, que nos confirmam que estamos a sofrer os efeitos das alterações climáticas, decorrentes aparentemente de várias circunstâncias, segundo as várias fontes, todas elas altamente credíveis e indiscutíveis, que responsabilizam desde a ação humana de destruição dos ecossistemas, indiscutível, até ao processo natural de alteração do planeta, do sistema solar, do próprio sol e do universo em que nos encontramos, que muda isto tudo, de forma dramática, por aqui mesmo, há pelo menos 750 milhões de anos.
Agora que vamos a Marte até já nos apercebemos da catástrofe que por ali aconteceu, por via de alterações climáticas extremas, sem intervenção humana que se saiba e de marcianos também não, que levaram a que um planeta povoado de rios e mares, certamente com vida primitiva, à data, talvez tão primitiva como por aqui mesmo, se transformasse num inóspito e invivível deserto.
Sabemos que terríveis mudanças climáticas e outras aconteceram por cá também, tão gigantescas que foram mudando continentes, mares e formas de vida. Algumas acabaram com os dinossauros ou facilitaram a ascensão da espécie humana. Aquilo que era verde com os vikings e que até se chamou de Terra Verde, ficou depois gelado. O deserto do Saara também já foi uma grande floresta.
Tudo indica que estas ações irrefletidas do Universo vão continuar, sem consideração nenhuma por nós, humanos. Claro está, para o próprio ser humano, omnipotente e omnipresente, como se Deus já fosse, particularmente para os mais omnisabedores e omniconvencidos, isto é muito pouco ou nada transcendente e naturalmente, só pode ser causado pela irrefletida ação de uma espécie que a natureza, irrefletidamente, criou ou deixou criar e pior, deixou-a a governar este paraíso em roda livre, e isso é facilmente comprovável, com tudo o que vemos passar-se à nossa volta, com guerras e destruição de ecossistemas e da natureza que nos acompanharam desde sempre, muito embora o universo não pareça nada preocupado com isso e se vá preparando para voltar a transformar isto tudo nas mesmíssimas partículas elementares do princípio de tudo, lá mais para a frente, porque como se sabe e como diria Lavoisier, na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
Em todo o caso, conforme o posicionamento político e interessado de cada um, continuarão a puxar a brasa à sardinha de cada qual, uns dizendo que isto tudo é por causa da nossa incúria, outros porque não é nada disso e outros nem numa nem noutra, usando todos os meios comunicacionais possíveis para fazer acreditar o que é, para os próprios, indiscutível, sem que se chegue, de facto, a lugar nenhum, tentando mutuamente convencerem-se do que realmente não sabemos nem poderemos saber, verdadeiramente, se considerarmos que isto não é o nosso quintal isolado do universo.
Posto isto, já sabendo das recomendações que me irão chegar no sentido de fazer umas leituras mais esclarecedoras sobre as várias verdades indiscutíveis, contando com o ceticismo inerente pelo que acabo de sublinhar, com dúvidas razoáveis nisto tudo, o que aqui me traz com este assunto, é que, independentemente do que cada um sabe ou acha que sabe, sem dúvida, isso sim, existe toda uma realidade que nos comprova todos os dias, à saciedade, a destruição da vida tal como a conhecemos no presente, da qual não poderemos ser inocentados e à qual ninguém parece estar verdadeiramente preocupado em alterar.
Senão, independentemente do que poderemos pensar do assunto, à espera da conclusão definitiva dos estudiosos que insistirão, por muitas décadas mais, em estudar cada fenómeno per si, na sua especialidade e ignorando que uma qualquer borboleta do Edward Lorenz poderá estar neste preciso momento a alterar isto tudo, com o tal bater de asas que provocará um tufão nas Maldivas, como é que se explica a barbaridade do que continuamos a fazer no mundo que acidentalmente habitamos, daquelas que não precisam de nenhum cientista para explicar nem de grande discussão.
Sabemos que o valor médio de precipitação total anual em Portugal em 2021, foi cerca de 78% do valor da normal climatológica de 1971-2000. Então o que se passa? É que também sabemos, se realmente quisermos, por aqui mesmo, que estamos a acabar com a cultura do sequeiro e que cada vez gastamos mais água. Continuamos a fazer campos de golfe, a regar tudo o que aparece e a mudar o paradigma agrícola. Amendoais, milheirais, forragens, cereais e hortícolas, tudo bem regado. Gado em quantidade, bem saciado… e vale a pena ver de perto um pivot de um milheiral a regar… aquilo é que é água sem fim! Olivais a perder de vista, escravidão humana para os poucos trabalhos que não são automatizados. Até as vinhas, imagine-se, que durante milhares de anos produziram vinho sem água, já são todas bem regadas. Tudo isto, com fitofármacos e venenos cientificamente introduzidos nestas culturas, sem insetos que possam estragar a fruta, eliminados os tordos e outras aves que as possam bicar. Tudo isto com os tais fundos de investimento, capitais liberais, estrangeiros, de que pouco veremos o cheiro.
As barragens, coitadas, não enchem, por mais que chova. Porque não vai chover para o que já se precisa, garantidamente. O Alqueva ainda suspende as regas quando as populações ameaçam ficar sem água, mas então as geridas por regantes. Já só vivem de torneira aberta e estão sempre vazias, chova o que chover, até porque se chover mais, mais regaremos e outra vez, não chegará.
Isto sim, poderíamos alterar, se o quiséssemos, sem necessidade de discussão. O caminho que estamos a tomar não pode dar bom resultado. A água que temos não vai chegar, teremos secas permanentes e o deserto cá chegará, com a exaustão próxima da terra mãe e a culpa, não será das alterações climáticas. É nossa, só nossa e não me digam que não sabiam, porque está à vista.
Até para a semana!