Pela correção das coisas!

Crónica de Opinião
Quarta-feira, 10 Novembro 2021
Pela correção das coisas!
  • José Policarpo

Não escrevo e não afirmo nada de novo, sem partidos não há democracia. Os partidos são constituídos por pessoas que perfilham a mesma ideologia, por isso, concordam em respeitar os mesmos valores, princípios e regras.

Há, porém, no seio dos partidos, em número mais do que o desejável, gente que só respeita as regras estabelecidas quando as mesmas lhes são favoráveis.

A legitimidade em democracia é o cimento de tudo. Ou se tem, ou não se tem. Não há meias circunstâncias. Um governo que deixa de ter suporte parlamentar não tem legitimidade para exercer a totalidade das suas competências. Está, por isso, condicionado na sua atuação e as decisões que toma deverão ser imaculadas na sua fundamentação e em total observação do interesse coletivo.

Nos partidos, o mote deverá ser o mesmo e a orientação replicada. Quando a liderança partidária perde a confiança do seu parlamento, leia-se, no caso, o conselho nacional, a sua legitimidade política fica absolutamente abalada, diria mesmo, posta em causa.

Ora, um líder partidário e a sua comissão política que perde a confiança dos representantes dos militantes, dever-se-á remeter ao silêncio. Não deverá, com efeito, ser ativa, pelo contrário, deverá ter uma postura de acatamento das decisões e não de as condicionar.

A comissão política nacional do PSD optou por condicionar e emperrar o processo eleitoral. Inicialmente, quis eleições antecipadas em virtude da putativa vitória autárquica. Depois, a decisão recaiu pela suspensão quando a crise política deixou de ser uma probabilidade para passar a uma possibilidade sustentada, para a seguir passar para uma antecipação e abertura de tudo mesmo que esse tudo colidisse com as regras do partido.

Dito isto, em nome dos valores democráticos que enformam um partido fundador e defensor do regime democrático, espero e anseio que os militantes do maior partido português saibam estar à altura da presente convocatória. Está em causa a defesa da pluralidade interna e, externamente, o sempre e inabalável interesse nacional.

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