A exploração do mármore de Estremoz, Borba e Vila Viçosa, ao que parece, começou aquando da anexação do Alentejo pelo Império Romano. Não dispondo a cidadania, nesses remotos e ignaros tempos, da combativa intervenção dos ambientalistas, puderam os romanos – e todos os povos que se lhes seguiram – dar cabo da paisagem indígena, esburacando-a sem contemplações até aos dias de hoje.
Agora, orientados e defendidos por Associações de Defesa da Natureza, do Património e do Artesanato, do Folclore e das Aldeias Velhinhas, das Praias Limpas e das Paisagens Protegidas, a que se juntam as Tertúlias Anti-Capitalistas e as Vanguardas Anti-Climáticas, agora, digo, os cidadãos aglomeram-se, às centenas, para impedir a exploração de mais riquezas não-renováveis no território pátrio.
No ano passado, foi em Aljezur, “banhistas, ambientalistas e jornalistas, todos unidos num ecológico charivari, para impedir a prospecção de petróleo em mar português”, como eu referia numa nota de Setembro.
Este ano, em Montalegre, numa sessão organizada pela autarquia, 400 populares “levantaram muitas dúvidas sobre os impactos da mina na “forma de vida” que actualmente conhecem”, muito semelhante à dos lusitanos, antes da chegada dos gananciosos e poluentes garimpeiros romanos. Acolitado pela Quercus e pelos Verdes, o porta-voz da Associação “Montalegre com Vida”, Armando Pinto, afirmou que a população é contra a “mina a céu aberto, seja ela de lítio, de ouro ou diamante”.
Eis como nós somos, pobretes mas alegretes. Nada de negócios milionários, que nos envenenem o bucólico e pachorrento declínio das terras do interior. Petróleo e lítio é melhor comprá-los que produzi-los.