A dissolução da Assembleia da República e a marcação de eleições, a novela que as televisões nos têm servido a toda a hora sobre as eleições internas no PSD e no CDS, têm afastado as atenções do que se está a passar ao nível local.
Mas a situação política que se vive em Évora não é menos complexa que a do país e deve merecer a atenção e preocupar as cidadãs e os cidadãos do concelho e também do distrito.
Depois de assistirmos ao milagre da multiplicação de eleitos nas duas maiores freguesias do concelho de Évora, com o PS a constituir juntas de freguesia com 5 membros quando só tem 4 eleitos, casos que a Justiça resolverá, e de assistirmos à entorse da lei quando para a CIMAC não foi eleito 1 presidente mas 3 em regime rotativo, satisfazendo assim a ânsia de poder do PS, CDU e PSD, estamos confrontados com a situação sui generis de quase 1 mês e meio depois das eleições os partidos que elegeram para a Câmara Municipal de Évora continuarem sem se conseguir entender.
A CDU, que elegeu o presidente da Câmara e um vereador, o PS e o PSD/CDS que elegeram dois vereadores cada um, e o RIR/NOS – Movimento Cuidar d’Évora que elegeu uma vereadora ainda não conseguiram sequer um entendimento para uma repartição das competências nem para a delegação de competências no Presidente que agilize a governação do concelho.
É uma situação única no nosso distrito e, francamente, incompreensível se nos lembrarmos de que antes das eleições todos afirmaram o seu empenho na boa governação do município, na valorização do concelho, na mudança e até que o seu objetivo era cuidar de Évora não dão agora os passos para que a Camara seja governada num sistema de normalidade.
Um concelho com a dimensão e a importância regional de Évora merece mais do que estar à mercê de jogos estratégicos para a repartição de fatias de poder ou de quem se quer fazer passar por mero observador para fugir à responsabilização das decisões.
Ao PS ouvimos há dias uma eleita dizer que o PS decidiu “dar a mão à população de Évora” mas reclama um governo paritário com a CDU e pelos vistos daí não sai. A coligação CDS/PSD parece soçobrar se houver aceitação de pelouros e foi a ausência do vereador PSD que, segundo a CDU, atrasou a negociação. Já o dito Movimento afinal não se vê nada interessado em cuidar de Évora.
Da CDU, que tem o Presidente da Câmara e um vereador, que nomeou aliás como vice-presidente, e que é a primeira responsável por lançar as iniciativas para uma repartição das competências por outros vereadores, ouvimos que não aceita acordo com uma só força política e que se não houver entendimento entre todos governará a Câmara fazendo uma negociação à peça, negociando ano a ano o plano e o orçamento.
Sobre toda esta situação não merecíamos nós, munícipes, ter ouvido já uma explicação do Sr. Presidente da Câmara? Não deveríamos ter informação, não digo que sobre os detalhes concretos da negociação, mas sobre o processo negocial? Não seria esse um primeiro sinal de uma gestão transparente?
Até para a semana.