Problemas de comunicação

Crónica de Opinião
Quinta-feira, 31 Outubro 2019
Problemas de comunicação
  • Eduardo Luciano

 

 

Os deputados eleitos a 6 de Outubro tomaram posse e começaram os trabalhos da nova legislatura.

Também o governo tomou posse mas isso agora não interessa nada, a menos que queiram discutir se o número de ministros e secretários de estado é exagerado ou pode levar a piadas brejeiras de mau gosto.

Logo no arranque, o PCP apresentou uma dúzia de iniciativas legislativas que constavam do seu programa eleitoral com reflexo nas mais diversas áreas.

Sabia que propôs a reposição do princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador e a eliminação da caducidade da contratação colectiva, bem como medidas de combate à precariedade e de reforço dos direitos dos trabalhadores?

Sabia que propôs a redução do horário de trabalho para 35 horas semanais para todos os trabalhadores?

Sabia que propôs o alargamento da isenção das taxas moderadoras, até à sua eliminação?

Sabia que propôs um programa extraordinário para a contratação de profissionais de saúde para o SNS?

Sabia que propôs a contratação imediata de todos os auxiliares de acção educativa necessários ao funcionamento das escolas?

Sabia que propôs medidas para garantir a universalidade e gratuitidade no acesso a creche para todas as crianças até aos 3 anos?

Sabia que propôs alterações ao código co processo civil para estabelecer a impenhorabilidade da habitação própria?

Sabia que propôs a tomada imediata de medidas para o financiamento de todas as candidaturas consideradas elegíveis no programa de apoio sustentado às artes?

Sabia que propôs a aprovação do estatuto da condição policial?

Sabia que propôs um regime de financiamento permanente ao programa de apoio à redução tarifária nos transportes públicos?

Sabia que propôs medidas que visam a redução de embalagens supérfluas em superfícies comerciais?

Não sabia pois não? E sabe porque é que não sabia? Porque estava distraído a discutir nas redes sociais a vestimenta de um assessor, o número de ministros e secretários de estado, se se pode ou não vender participações em empresas a sobrinhos e outras coisas absolutamente decisivas para o funcionamento do regime.

Lá estão os comunistas a fazerem-se de incompreendidos, dizem alguns especialistas na matéria, o que eles não sabem é comunicar.

Imaginem o impacto que não teria se o João Oliveira tivesse apresentado estes projectos de lei, resoluções e recomendações, vestido com uma saia plissada e um pouco acima do joelho.

Era abertura de telejornal garantida mas a notícia seria “o PCP já não é o que era”. Sobre as medidas propostas continuariam a não saber nada. Porque, parafraseando o outro, o essencial é invisível aos olhos. Para manter um certo nível de cegueira, acrescenta a minha prima Zulmira.

Até para a semana

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