Brincar, saltar, correr, gritar, conversar, jogar, serão práticas em decadência nos recreios das escolas? Será verdade que cada vez mais crianças e adolescentes passam os intervalos agarrados ao telemóvel, como alerta Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, ontem, em declarações ao jornal Público? Curiosamente, a UNESCO, em 2014, de forma absolutamente incauta, aconselhou a utilização do telemóvel nas escolas e, em 2017, o mesmo Filinto Lima, declarava, esperançoso, que o telemóvel poderia ser “um bom instrumento de trabalho, desde que usado com regras”. Em contrapartida, muitos colégios de elite, em todo o mundo, proíbem os telemóveis na escola, factores que são de distracção, de dependência e de estupidificação. Para além de instrumentos ideais para a prática do cyberbullying.
“O consumo de dispositivos digitais – em todas as suas formas: smartphones, tablets, televisão… – durante o tempo livre, é absolutamente brutal entre as novas gerações. A partir dos dois anos de idade, as crianças dos países ocidentais passam, em média, quase três horas diárias diante de ecrãs. Entre os oito e os 12 anos, este número sobe até alcançar as 4 horas e 45 minutos. Entre os 13 e os 18 anos, o consumo chega já às 6 horas e 45 minutos.” Estes números que, na minha opinião, são assustadores, podem encontrar-se no livro de Michel Desmurget, “A Fábrica de Cretinos Digitais”, onde se encontrará também abundante evidência psicológica e neuropsicológica contra os mitos da bondade da escola e do entretenimento digitais.