Responsabilidade muito limitada

Nota à la Minuta
Quarta-feira, 30 Junho 2021
Responsabilidade muito limitada
  • Alberto Magalhães

 

 

O país indignou-se perante a casquinada de desprezo de Joe Berardo, na Assembleia da República, em 2019. Depois de sacar mil milhões a três bancos, o comendador dizia-se possuidor de uma garagem, apenas e só. Entretanto, multiplicaram-se na AR os milionários de tanga, declarando-se quase tesos sim, mas de boas contas, sem dívidas no cadastro. As dívidas? Das suas empresas, infelizmente insolventes, pois então. Mas, felizmente para eles, todas LDA, de responsabilidade limitada.

Ontem, Berardo foi detido e hoje será presente ao juiz Carlos Alexandre, o Justiceiro. alegará, provavelmente, responsabilidade limitada. Pois, não foram os bancos a solicitar-lhe o obséquio de tomar de empréstimo os milhões?

Curiosamente, a nossa elite política parece ter conseguido pegar na modalidade LDA e transformá-la no argumento da irresponsabilidade ilimitada. Veja-se o Medinagate, em que a culpa acabou por cair num funcionário com 30 anos de carreira exemplar. Veja-se Ferro Rodrigues que, depois de nos mandar para Sevilha e, por isso, ter perdido a boleia do Presidente Marcelo, resolveu usar o seu certificado vacinal para ir algaraviar, neste segundo fim-de-semana de cerco imposto a Lisboa, por coincidência no mesmo hotel onde ficou a DGS, Dr.ª Graça Freitas, que teve a mesma ideia e se deu ao mesmo desleixo.

Veja-se, enfim, a continuada e infinita irresponsabilidade do futuro ex-ministro Cabrita que, no seu último despiste, atira a responsabilidade para a vítima e para a falta de sinalização (já negada pela Brisa), mas continua sem esclarecer a velocidade a que seguia a viatura.

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