As eleições dos Açores que ocorreram no passado domingo, determinaram, naquilo que considero de mais relevante, que o partido que lidera os destinos desta região autónoma desde 1996, há 24 anos, perdesse a maioria absoluta e os partidos de direita conseguissem obter mais deputados, que os partidos do espectro partidário à esquerda.
Na verdade, é uma alteração substancial que, aparentemente, resulta de um desgaste sofrido pelo partido que há mais de duas décadas gere os destinos da região. Porém, o espetro político à direita é constituído por cinco forças partidárias: PSD; CDS; CHEGA, PPM e IL. Será que estas forças se unirão para liderar a Região Autónoma dos Açores? Tenho dúvidas. Mas que seria o melhor para a região e, para os açorianos, não tenho.
No continente, soubemos que o bloco de esquerda votará contra a proposta de lei do orçamento de Estado, dizendo, em suma, que o partido do governo fico aquém em matérias como a legislação laboral, contratação de profissionais de saúde e na alocação de verbas ao fundo de resolução na questão que enquadra o Novo Banco.
Há para mim duas consequências políticas a tirar da posição tomada pelos bloquistas. Uma é a sua grande desfaçatez, pois esteve sempre ao lado do governo nos últimos cinco orçamentos de Estado, ficando, por isso, inelutavelmente, ligado a tudo o que o governo fez.
Por conseguinte, trata-se de uma grande encenação para ver se consegue passar entre os “pingos da chuva”, em com isso, tirar dividendos eleitorais. O povo português tem muitos defeitos, mas não gosta, nada, de ser tomado por lorpa.
A outra está ligada ao presidente da república. Disse ao país que o atual orçamento deveria ser aprovado à esquerda, sugerindo que, se não o fosse, haveria uma crise política. Não só há uma crise política, como o presidente da república é o “pai” da crise. Por isso, está montada a tempestade perfeita para que tudo isto possa ter um triste desfecho. Oxalá, esteja, profundamente, equivocado, mas não me parece…